Mussum: O Filmis

Mussum: O Filmis

5 de novembro de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Várias gerações e diversos públicos acompanharam os trabalhões desde o surgimento, logo, parte da careira de Mussum. E digo parte, pois as demais áreas que o humorista atuou só veio à tona depois do sucesso, e agora que por sorte, o filme explora bem a vida, e todo o processo que fez Antônio Carlos se tornar Mussum, um dos maiores humoristas que o país já teve. 

O mais interessante, e que o longa retrata de forma precisa, é como a vida do artista Antônio Carlos foi o levando quase que de forma acidental, o que mesmo sendo da vontade de Mussum, de modo geral foi uma sucessão de acidentes precisos, que o colocaram exatamente onde ele deveria, lugar em que seus talentos seriam vistos e devidamente valorizados após anos de dedicação e estudo.  

O longa é composto parcialmente por uma narrativa não linear, uma escolha da direção que permite que o longa transite pelo drama e comedia de forma natural, em que um salto na narrativa não cause estranheza e após uma sequência mais dramática o alivio comico pode ser usado de forma subsequente, sem parecer abrupto ou deslocado. 

Até porque um humorista merecia um bom filme de comedia, mas o teor dramático não poderia ser ignorado justamente pela trajetória de vida e para empregar verossimilhança à trama, não permitindo que o longa soe como uma comedia galhofa, o que nem de longe acontece, o humor aqui é preciso e extremamente afiado, fazendo piadas basicamente dos anos oitenta funcionarem perfeitamente, fazendo o público gargalhar por basicamente toda a trama. 

Dessa forma para estar presente e ainda assim não ocupar grande espaço no longa como um todo, o teor dramático se limita à sua relação mais íntima e duradoura do protagonista, se resumindo majoritariamente a sua proximidade com a mãe Malvina (Neusa Borges/Cacau Protásio), uma das grandes responsáveis pela trajetória que a vida do artista seguiu, relação essa que por si só já nos arranca algumas lágrimas.  

Algo que chama atenção ainda na premissa é o elenco preciso, além do talento de Ailton que salta à tela o tempo todo e garante que tudo ali funcione de forma realista, os demais também são juntamente responsáveis, Cacau Protásio surpreende com sua versatilidade, indo do humor ao drama de forma admirável, mas, quem realmente assusta com seu carisma e talento é o pequeno Carlinhos, vivido pelo ator Thawan Lucas, seu riso fácil e timing cômico fazem o longa funcionar logo nos primeiros minutos, em que um dos primeiros acontecimentos colocam Mussum no caminho certo.  

Quando falamos de “Os Trapalhões” todos temos algum tipo de apego emocional à essa trupe em algum momento da vida, logo o fator nostalgia poderia facilmente nos ludibriar, ciente disso, e para não descredibilizar seu trabalho o texto usa de forma pontual alguns momentos icônicos do programa em prol da narrativa, e não como condutor da mesma, o condutor é o protagonista não um artificio de roteiro. 

Em certo ponto o personagem questiona se fez as escolhas certas sem notar que foram, ciente da sucessão de acontecimentos de sua vida, talvez sem notar que foram tais escolhas que o levaram até ali, no topo. A direção exalta a performance de Ailton, sempre o colocando em foco, logo, exalta Mussum, uma pessoa que mesmo diante de tantas dificuldades não abriu mão de algo quase impossível em sua realidade, viver de arte, logo, viver de seu talento, que sorte a nossa que ele conseguiu.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Mussum: O Filmis

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 8,0

Direção: Silvio Guindane

Elenco: Ailton Graça, Cacau Protásio, Neusa Borges, Cláudia Barbot, Vanderlei Bernardino, Gero Camilo, Késia Estácio, Thawan Lucas, Yuri Marçal, Felipe Rocha

Duração: 1h 56m

Roteiro: Paulo Cursino

Fotografia: Nonato Estrela

Trilha sonora: Max de Castro

Ano: 2023