Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

16 de agosto de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Quando pensamos em uma animação, seja ela de qualquer ano ou realizadores, basicamente já temos uma ideia formada sobre a forma, e apesar de inúmeros temas e até mesmo gêneros, sabendo que muitas das vezes uma animação pende para o drama, mas ainda assim a comédia é predominante, mas que de modo geral são muito semelhantes, salvo uma ou outra exceção, porém, já o que vemos aqui é absurdo. 

Ciente da familiaridade do público com seu estilo, apresentado no longa de 2018, em que um limite parecia ser atingido, mas que na verdade um novo padrão acabara de ser criado, os diretores vão além e provam que o que vimos antes não foi um golpe de sorte, eles sabiam exatamente o que estavam fazendo e onde queriam chegar.  

Nessa versão tudo é otimizado, desde personagens que amadurecem, e nisso envolvem suas respectivas famílias e relação pais e filhos, a um visual muito mais atraente que já não causa estranheza e sim encanto. A forma como os diretores usam as mais diferentes texturas para representar cada universo e seus respectivos homens aranha, individualiza cada um e enriquece a trama, tornando para o público a passagem pelo multiverso uma viagem psicodélica e encantadora aos olhos.  

O peso de ser um herói/adolescente é elevado, e a direção faz isso sem usar diretamente o personagem, usa da história do mesmo e da memória do espectador que sabe como tudo termina, o que por si só já garante a carga dramática do longa apenas com a ameaça iminente. Dessa forma o longa trilha seu próprio caminho, sem a necessidade de se repetir como nas versões live action por exemplo, que mesmo com algumas diferenças apresentam a mesma história. 

Sem muitas piadas, apesar de contê-las, o filme se escora no drama, dando a sua narrativa um teor mais sério, porém sem perder a leveza, tendo em vista que estamos diante de uma animação/filme de herói. Seguindo na ideia de expansão, os realizadores usam dos mais diferentes planos nas sequências de ação, vale destacar o trabalho impecável de trilha sonora, que assim como a textura são individuais de cada personagem e enaltecem o momento.  

O vilão é preciso, para se manter no poder usa da manipulação de massa, e assim mantém todos sob seu controle seguindo o “destino”, o mantendo intocável, logo o mesmo como superior, levando todos a serem gratos por fazer parte. 

A condução precisa da direção nos leva a passar pelas quase duas horas e meia de duração de forma quase imperceptível, algo raro em uma animação que geralmente se limitam aos noventa minutos. A respeito do final, foi algo extremamente acertivo, pois nos leva a mergulhar na trama de forma completa, e somente após o encerramento leva o público a se atentar a possíveis pontas soltas, deixadas de maneira intencional, e que depois de tudo, o gostinho de quero mais acaba sendo inevitável.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️ / 10

Direção: Joaquim Dos Santos, Kemp Powers, Justin K. Thompson

Elenco: Shameik Moore, Hailee Steinfeld, Brian Tyree Henry, Luna Lauren Velez, Jake Johnson, Oscar Isaac, Daniel Kaluuya

Duração: 2h 20m

Roteiro: Phil Lord, Christopher Miller, Dave Callaham

Fotografia: Mike Andrews

Trilha sonora: Daniel Pemberton

Ano: 2023