Guardiões da Galáxia Vol. 3
De volta aos filmes da marvel, porém dessa vez sem todo hype que antes se criava diante de todo novo lançamento do estúdio, acho que meu atraso somado a uma postergação intencional já diz tudo. O mesmo se repetiu com o esquecível Homem-Formiga Quantumania (2023), mas se algo ainda me atraía em Guardiões da Galáxia esse algo estava na direção, James Gunn, que ainda é um dos poucos a conseguir imprimir seu nome em produções da Marvel quase que sem interferência do estúdio.
E aqui não é diferente, e talvez o principal fator que faça de Guardiões 3 o que é, um exemplar a moda antiga do estúdio, em termos de qualidade, seja o trabalho do diretor desde o primeiro longa, algo que se da graças ao seu modo autoral, que buscou distanciar seu trabalho o máximo possível do famigerado universo compartilhado, levando assim sua trilogia a caminhar com as próprias penas, algo que por si só todo longa deveria fazer, mas que na marvel não é o caso.
Com isso o diretor tem a liberdade criativa necessária, sem a preocupação de afetar esse ou aquele filme aleatório que muitas das vezes ele sequer assistiu, até porque convenhamos não são poucos, e os últimos são quase um desafio assistir até o final tendo em vista sua qualidade medíocre.
E assim Guardiões 3 começa sua despedida logo na premissa, voltando a trama para um personagem tão querido quanto carismático, Rocket Raccoon (Cooper), impondo um tom melancólico a trama que tem como função criar um alerta na mente do espectador, que ciente da despedida passa a temer pelo bem estar do mesmo, e predisposto a qualquer sinal de morte ou risco.
Com isso o diretor liga o arco dramático do personagem aos demais integrantes do grupo, em que personagens já queridos passam a ter ainda mais importância após sabermos um pouco mais da origem de Rocket, logo, a importância daquele grupo de renegados para o mesmo, um laço de amizade verdadeira que ele sempre buscou, mas que devido a seus traumas aqui revelados se escondia atrás de sátiras e desapego.
Mas mesmo com o teor dramático mais afetado, a direção não deixa de lado a essência dos personagens, o alívio cômico continua forte e as piadas hilárias, servindo como um respiro diante de possíveis lágrimas iminentes, sendo que em alguns dos casos elas até mesmo alternam entre si, mas de modo geral o humor toma conta da narrativa.
Por falar em lágrimas, essas que geralmente são advindas de um assunto que, mesmo de maneira despretensiosa o longa expõe de forma extremamente delicada, o abuso de animais em prol de experiências aleatórias, em que sabiamente o diretor usa de um personagem amado como Rocket para exemplificar a dor e o sofrimento daquelas pobres criaturas indefesas, o fazendo com sequências que são um aperto e tanto no peito.
Dessa forma Gunn prova que não é necessário nenhuma ideia extremamente complexa para que um roteiro seja eficiente, o resgate de um amigo querido já basta. O vilão pode não ser dos mais imponentes, porém devido sua natureza desprezível já é o suficiente para mover a trama, e criar aversão no público, algo que a performance do ator Chukwudi Iwuji também colabora, a trama até conta com um ou outro personagem perdido em meio a trama, mas que devido a pouca importância não alteram o todo.
Em meio à risos e lágrimas, e sequências de ação que realmente empolgam, muito graças ao ponto forte da franquia, a belíssima trilha sonora, Guardiões 3 termina nos deixando saudosos, pois sabemos que é mais um grupo de personagens queridos que por muito acompanhamos e que possivelmente não veremos outra vez, o que nos deixa contente é que ao menos dessa vez tiveram o fim merecido.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Guardiões da Galáxia Vol. 3
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 8,0
Direção: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Bradley Cooper, Pom Klementieff, Dave Bautista, Karen Gillan, Vin Diesel, Sean Gunn, Will Poulter, Elizabeth Debicki, Sylvester Stallone, Zoe Saldana, Nathan Fillion, Chukwudi Iwuji
Duração: 2h 30m
Roteiro: James Gunn
Fotografia: Henry Braham
Trilha sonora: John Murphy
Ano: 2023