Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1

Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1

16 de julho de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Para começarmos o óbvio precisa ser dito, a franquia Missão Impossível é atualmente a maior, e uma das melhores em sua categoria, o cinema de ação. E é algo que vem se reafirmando a cada capítulo, que consigo acaba trazendo sempre fôlego novo para a franquia, especificamente depois que o diretor Christopher Mcquarrie assumiu em “Nação Secreta”, alavancando ainda mais o que já era bom. 

A longa introdução, envolvendo o submarino, além de revelar um bom roteiro, pois o nível de desenvolvimento do suspense é maravilhoso, tanto que nos pegamos envolvidos com àqueles personagens quem mal sabemos quem são, o que logo exibe uma direção confiante e ciente de suas intenções para com o longa como um todo, sendo também uma imersão e tanto. 

E me refiro a eficiência do texto pois o mesmo é notado em vários momentos por sua eficiência, se intercalando com as sequências de ação, e o mais incrível, se equiparando às mesmas em relação à dinâmica, sem deixar o ritmo narrativo desacelerar e o longa mergulhar na monotonia ao ponto do espectador sentir a quebra do ritmo, algo comum no gênero quando precisa incluir seus diálogos que geralmente são vazios, e só estão ali para cumprir tabela.  

E falando nas sequências de ação, aqui o diretor Mcquarrie é acertivo mais uma vez, sua busca por novidades nos brinda com sequências empolgantes e tensas ao mesmo tempo, seja na perseguição de carro pelas ruas da Itália, que encanta pela grandiosidade, ou algo mais sufocante como o combate no beco estreito, em que a câmera se esquiva por entre os personagens transmitindo a sensação de desespero.  

E isso nos leva a uma analise interessante sob comparação para com outros longas do gênero, comparação essa que revela a qualidade da franquia Missão Impossível e como a mesma imprimi acima de tudo identidade, diferente de longas recentes como Resgate 2 (2023), que tenta emular John Wick, outro exemplar de originalidade, fica fácil notar a diferença, pois ambos estão basicamente equivalentes nos quesito qualidade, MI7 e Wick, porem são completamente distintos por justamente isso, identidade, cada um é exímio no gênero à seu modo.

Algo que traz um peso extra à esse novo capítulo é o risco iminente ao bem estar dos personagens, o que faz com que o público fique ainda mais próximo dos mesmos, tendo em vista o carinho desenvolvido ao longo dos anos, o que mergulha a trama em uma tensão constante, e isso se estende aos novos rostos também, o que nos leva a outro ponto forte da franquia, a introdução de novos personagens, algo tão bem encaixado e desenvolvido que personagens recém chegadas como a ladra Grace (Hayley Atwell), por exemplo, não fica deslocada e parece que sempre esteve ali, obvio que a escolha de elenco também ajuda, mas o desenvolvimento é ótimo.

O longa também é uma viagem pela história da franquia, dentre o universo ou não, digo isso porque além da presença de antigos personagens e passagens por flashbacks, a direção também se utiliza dos maneirismos dos primórdios da franquia, seja o plano holandês ou os diálogos com a câmera de uma perspectiva de baixo para cima nos personagens, algo presente não apenas por nostalgia, mas por importância narrativa, tendo em vista o desenvolvimento da trama e os personagens que marcam presença.  

Outro ponto importante é a questão cômica, sempre presente na franquia, mas que nos últimos capítulos tinha ficado de lado, talvez receio por parte da direção em descredibilizar a trama ou algo assim, o que não faz sentido, ainda mais com o excelente timing cômico de Cruise, mas aqui enfim volta com força total, se encaixando em momentos oportunos de maneira totalmente funcional ao ponto de arrancar gargalhadas, em especifico a dificuldade em dirigir o minúsculo fiat 500.  

Vale destacar também a trilha sonora, uma das melhores, se fazendo constante e em alguns momentos e acompanhando os movimentos de câmera, somando ao saldo final junto as sequências de tirar o fôlego.  

Acerto de Contas Parte 1, foge à regra dos filmes divididos em duas partes, que geralmente deixam todo o glamour para a parte dois, o longa é completo e tudo aqui funciona de maneira perfeita, com a exceção do gancho final que só está ali para fazer valer o título, e trazer algo inédito na franquia, uma sequência direta, tendo em vista que os demais apesar de se passarem no mesmo universo funcionam perfeitamente de maneira independente, não que esse também não o faça.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️ / 10

Direção: Christopher McQuarrie

Elenco: Tom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Vanessa Kirby, Esai Morales, Pom Klementieff, Henry Czerny, Shea Whigham, Greg Tarzan Davis

Duração: 2h 43m

Roteiro: Christopher McQuarrie, Erik Jendresen

Fotografia: Fraser Taggart

Trilha sonora: Lorne Balfe

Ano: 2023