Bird Box: Barcelona
Depois de uma leva de decepções, a Netflix se pega olhando para trás e tentando reutilizar o que deu certo, Resgate 2 é um dos casos, e agora Bird Box, filme que fez um sucesso considerável na plataforma em 2018. E confesso que fui ludibriado com esse novo projeto da Netflix, não que seria algo extremamente fora da curva, mas que ao menos traria novidade e exploraria melhor o mistério daquele universo, doce ilusão.
Certo, a princípio o longa até insinua que irá seguir pelo caminho menos óbvio, a subversão à respeito do protagonista é interessante e chama atenção, porém a falta de um melhor aproveitamento desperdiça tal oportunidade e revela algo que ira tomar conta da trama no decorrer da história, a tentativa de ser mais e maior, o que distancia, e muito esse projeto do anterior, que era mais voltado para o suspense.
O mistério que antes era responsável por manter a tensão constante no primeiro longa, aqui é abandonada, ao invés disso a direção se volta exclusiva e unicamente para o espetáculo visual, usando um número maior de personagens apenas para descartar no decorrer da trama, eliminando os mesmos das mais variadas formas, porém sem impacto algum.
E isso acontece, pois esses personagens que, devido ao pouco desenvolvimento não geram vínculo algum com o espectador, fazendo com que suas mortes não causem nenhuma reação no público ou peso dramático real na trama, se resumindo apenas ao exibicionismo velho e barato.
E isso acontece justamente por algo que já citei, a falta de desenvolvimento do protagonista, que sim é um vilão, porém o roteiro não tem coragem nem conteúdo suficiente para se manter firme nessa linha narrativa, e levar o público sob outra perspectiva, pouquíssimo explorada no longa anterior, àqueles que podem ver, porém desiste e se rende ao clichê previsível do vilão redimido, acabando com o pouco de potencial que ali havia.
E essa indecisão toma tanto tempo que impede o espectador de saber a quem se apegar, se ao vilão redimido ou a desconhecida sobrevivente do primeiro massacre, realizado pelo mesmo. O longa ainda tenta se voltar ao tema religioso, algo que até faz sentido, mas que se perde em meio a tantas decisões erradas, incluindo a alucinação com sua filha, que tenta mais não consegue gerar um dilema convincente devido as contradições.
Com isso temos uma trama vazia, que se limita a pessoas se mutilando e flashbacks que tentam trazer peso dramático aos atos dos personagens, mais um ato falho da direção, que a única coisa que consegue com isso é tornar a trama episódica, hora tem morte, hora tem flashbacks, que tentam aproximar o publico de um protagonista descartável.
Por fim, um longa que tinha a intenção de se ligar aos acontecimentos do primeiro capítulo, afim de expandir aquele universo e possivelmente trazer novos personagens, se resume a mediocridade, somados a uma direção confusa que sem coragem para seguir o caminho pré estabelecido opta pelo óbvio, e resume o longa a um amontoado de decisões contraditórias.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Bird Box: Barcelona
Avaliação: ⭐️⭐️ / 3,0
Direção: Àlex Pastor, David Pastor
Elenco: Mario Casas, Georgina Campbell, Naila Schuberth, Alejandra Howard
Duração: 1h 52m
Roteiro: Àlex Pastor, David Pastor
Fotografia: Daniel Aranyó
Trilha sonora: Zeltia Montes
Ano: 2023