Sobrenatural: A Porta Vermelha

Sobrenatural: A Porta Vermelha

9 de julho de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Nitidamente uma franquia que já tinha esgotado todos os seus recursos, tendo munição apenas até o segundo episódio, já os episódios três e quatro se esforçavam e alongavam ao máximo para fazer malabarismo com as migalhas restantes. Mas a vontade do estúdio, somados ao apelo do público, resulta em mais um episódio, desta vez sob o comando de Patrick Wilson, protagonista dos dois primeiros longas. 

Uma coisa que fica clara logo de início, é que talvez por receio de ser comparado ao percursor da franquia, James Wan, Wilson se distancia ao máximo de qualquer artifício usado por Wan, o que em teoria era para ser algo bom, porém não é o que vemos na prática, ele até tenta trazer algo novo para sua versão, mas acredito que por medo o diretor não arisca, o que não permite o longa de sair do lugar comum.  

A direção de Wilson parece perdida, sem saber que rumo dar para a história, se atrapalhando entre o terror e o drama familiar, e veja bem, a soma desses dois gêneros não é o problema, o problema é que aqui ambos são deficientes, mal desenvolvidos, o que resulta em uma narrativa episódica, que salta de um lugar á outro de forma repentina. 

O jump scare ao longo dos anos se tornou clichê no gênero, ao ponto de seu uso ser diretamente associado a algo ruim, porém o mesmo nada mais é que um artifício do gênero, e que James Wan emprega de maneira tão eficiente no primeiro longa que tal técnica se tornou uma marca da franquia, provando que é possível fazer uso da mesma sem parecer inoportuno, baixo.  

Porém aqui tal artificio é usado de maneira desonesta, rasteira, distribuído sustos aleatórios no decorrer da trama, logo que, não tem o menor sentido narrativo tão pouco resulta da construção de uma sequência de suspense, surgindo em tela da forma mais baixa possível, revelando um certo desespero somados a um despreparo por parte de Wilson, que utiliza da mesma para dar forma a sua trama vazia.  

A promessa da volta do elenco original se limita ao marketing, Wilson é quem mais da as caras, isso devido as consequências, porém os demais são meros enfeites, a participação de Elise (Lin Shaye), é tão descartável que prova que era apenas para usar sua imagem no material de divulgação, sério é ridículo. Logo esse descarte acaba por deixar o protagonismo nas mãos de Dalton (Ty Simpkins), um protagonista que passa basicamente todo o longa com a mesma expressão, ou seja, nenhuma, a trama só não cai na monotonia completa porque sua parceira de cena Chris (Sinclair Daniel), é carismática e segura as pontas. 

A direção inconsistente de Wilson ainda consegue tirar todo o mistério e tensão envolvendo o “Além”, algo que antes desprendia um esforço considerável por parte dos personagens, para adentrar naquela realidade paralela, agora é algo pífio, tornando-se um lugar onde os personagens transitam sem o menor esforço, apenas tirando um cochilo, e quando lá estão a ambientação não causa qualquer esboço de tensão ou medo.  

Sobrenatural a porta vermelha carece de muita coisa, mas acima de tudo de uma direção enfática, o roteiro pode até não ajudar, mas Wan já provou várias vezes que isso é só um detalhe, assim o quinto episódio da franquia tem um resultado morno, por vezes frio e sem identidade, e em momento algum se esforça para ir um pouquinho além disso, parecendo se contentar com a mediocridade.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Sobrenatural: A Porta Vermelha

Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0

Direção: Patrick Wilson

Elenco: Ty Simpkins, Sinclair Daniel, Patrick Wilson, Rose Byrne, Andrew Astor, Joseph Bishara

Duração: 1h 47m

Roteiro: Scott Teems, Leigh Whannell

Fotografia: Autumn Eakin

Trilha sonora: Joseph Bishara

Ano: 2023