Desaparecida

Desaparecida

30 de junho de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Hoje por mais cautelosos que sejamos, sempre vamos estar expostos de alguma forma nas redes sociais/internet, mesmo privando posts e até o próprio perfil, pessoas mal intencionadas vão sempre encontrar uma brecha. Há também os inúmeros “termos de compromisso”, que na maioria das vezes aceitamos sem ler devidamente, e damos livre acesso a nossos perfis, sem falar no rastro deixado por onde clicamos, vertente que o longa em questão baseia sua trama. 

A premissa é rápida, assim como o ritmo narrativo, servindo apenas para apresentar o início do arco dramático da protagonista June (Storm Reid), e sua relação com a mãe Grace (Nia Long), algo que acontece de forma bem superficial, talvez de forma intencional para assim deixar inúmeras lacunas a serem preenchidas no decorrer da trama, o que não acontece, e revela que tal artificio era apenas uma forma da direção iludir o público em uma tentativa de subverter expectativas.  

A princípio a direção chama a atenção pela maneira ágil como conduz a trama, desenvolvendo os personagens em meio à inúmeras telas, que de maneira eficiente a montagem intercala entre as mesmas, que vão desde câmeras de segurança ao celular de June, e tudo isso acontece de forma fluida, sem alternâncias muito bruscas isso não podemos negar, a confusão só acontece quando a direção opta por multitelas, tirando o foco da ação e gerando confusão no espectador. 

O que nos leva a outro ponto, em que a direção parece se atrapalhar na condução do ritmo narrativo, talvez por se perder em meio à tanta informação presente em tela, o diretor acaba que se perde durante as transições, ele cria o suspense, conduz de forma eficiente porém o clímax é interrompido de forma abrupta, se tornando recorrente, sempre que algo relevante acontece há uma quebra no ritmo narrativo quando o longa volta as atenções para as telas, e que nos desconecta do todo. 

O roteiro também contém inúmeras conveniências, além dos plots em excesso, é certo afirmar que na internet existe muita informação a respeito das pessoas, porém, a forma deliberadamente fácil que a protagonista tem acesso à tais informações como, senhas pessoais, acesso a câmeras de segurança entre outros, desafia a lógica e a inteligência do espectador, tendo em vista que os eventos em tela são muito presentes na vida de todos nós, o que possibilita uma comparação imediata.  

Como citei à pouco o longa conta com um número expressivo de plot twists, uma tentativa fajuta por parte da direção em apresentar uma trama complexa, o que por fim acaba por revelar um roteiro inconsistente, que a todo momento tenta trazer algo surpreendente para desviar a atenção e levar o público a acreditar estar diante de algo genial, o que não é, a trama é simples e a direção acerta em partes, e acertaria mais se mantivesse o foco em um único caminho.  

Fora isso o longa conta com bons momentos, algumas sequencias que de forma isolada são muito tensas, e que somadas ao carisma da protagonista são o que realmente sustentam a trama, a breve relação estabelecida com a mãe também ajuda, criando um vínculo com o espectador e tornando os momentos dramáticos funcionais, e desviando o foco da trama bagunçada, trama essa que facilmente poderia ser mais enxuta.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Desaparecida

Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0

Direção: Nicholas D. Johnson, Will Merrick

Elenco: Storm Reid, Nia Long, Ava Zaria Lee, Tim Griffin, Ken Leung, Amy Landecker, Megan Suri

Duração: 1h 51m

Roteiro: Nicholas D. Johnson, Will Merrick

Fotografia: Steven Holleran

Trilha sonora: Julian Scherle

Ano: 2023