The Flash
Mesmo ciente dos riscos a Warner decide se aventurar em um subgênero em queda livre, o descaso por parte do público é algo a se considerar devido as últimas experiências, seja no estúdio rival ou por aqui mesmo, me refiro ao esquecível Adão Negro (2022). Outro detalhe são as polêmicas envolvendo o protagonista, que podem até interferir na bilheteria do longa, porém pelo menos o todo compensa.
Talvez o maior acerto aqui esteja na direção, entregar o longa nas mãos de Andy Muschietti, apesar de seus últimos projetos serem no terror, levou o longa pelo caminho mais assertivo, tendo em vista a facilidade do diretor em equilibrar um longa sob dois gêneros, sendo o segundo a comédia, assim como fez de forma admirável do excelente It: A Coisa (2017), em que o terror se escorava na comédia. Aqui o diretor repete o feito, mas agora em paralelo à ação e aventura, sendo feliz mais uma vez no resultado final.
Ciente do projeto que tem em mãos o diretor volta todas as atenções ao que importa, a ação, porém calcada na comédia, sua facilidade em faze-lo é nítida, tendo em vista que o humor funciona, as piadas são no timing certo e hilárias, algo os últimos longas de heróis vinham escorregando, mas tal mérito não fica apenas para direção.
As sequências de ação ganham um ponto a mais, os planos fechados e cada partida de Barry (Miller), seguidos por um plano aéreo ágil são muito eficientes e enfatizam o herói, até mesmo o slow motion, que não é novidade, o diretor aproveita como pode, e melhor sem exagero, o que não torna o longa cansativo ou repetitivo.
O roteiro não tenta ser grandioso, o que torna o longa simples e funcional, tanto que nem mesmo os momentos dramáticos ganham a devida atenção, talvez por receio da direção em perder o tom, logo a relação de Barry com a mãe é rasa, porém suficiente para mover a narrativa como fator principal, dando objetivo as ações do protagonista.
Isso resulta em uma narrativa acelerada, quase sem pausa para diálogos, no geral os mesmos são em meio ao caos generalizado. E essa pressa é refletida na trama, que não se aprofunda em nada, a exemplo disso é quando os personagens precisam do Batman (Keaton), basicamente aposentado, porém que volta sem muitos esforços, por uma lado é bom, pois o longa vai direto ao que importa, por outro parece faltar algo.
O fator nostalgia aqui é forte, rever Keaton como Batman é incrível, e sua participação por sorte não se limita apenas a nostalgia, o personagem é útil na trama assim como os demais. Apesar de sua rápida introdução, devido ao que disse anteriormente, a Supergirl de Sasha Calle não deixa em nada a desejar, me arisco a dizer que ao lado Miller é um dos destaques do longa, pois mesmo com o pouco tempo de tela a atriz impressiona trazendo imponência e delicadeza á sua personagem, que provavelmente será muito melhor aproveitada em um futuro projeto solo.
O lado cômico se resume a Miller, seu timing é certeiro e duplicado, devido as consequências, o que ajuda, e revela um Miller extremamente talentoso, trazendo aqui sua melhor performance na pele de Barry Allen, o que preocupa devido seu futuro incerto na pelo do mesmo. Outro ponto a se destacar é a trilha sonora, que somada a mixagem de som são muito satisfatórios, auxiliando no resultado final das sequências de ação.
Como um todo o longa é honesto, a falta de profundidade é refletida nas resoluções facilitadas, porém as boas sequências de ação divertem, assim como as boas piadas resultam positivamente no geral, se resumindo no longa que o personagem precisava, leve e engraçado. De quebra o longa ainda nos brinda com ótimas participações especiais, sendo algumas realmente surpreendentes.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: The Flash
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 6,0
Direção: Andy Muschietti
Elenco: Ezra Miller, Sasha Calle, Ben Affleck, Michael Keaton, Michael Shannon, Kiersey Clemons, Ron Livingston, Antje Traue, Maribel Verdú
Duração: 2h 25m
Roteiro: Joby Harold, Christina Hodson
Fotografia: Henry Braham
Trilha sonora: Benjamin Wallfisch
Ano: 2023