O Demônio dos Mares

O Demônio dos Mares

10 de junho de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

É muito comum filmes de tubarão não se levarem a sério, é algo que às vezes até gera resultados satisfatórios como Megatubarão (2018), por exemplo, em que a comédia galhofa se mistura a trama absurda tornando toda aquela maluquice aceitável. Mas, a exceções em que o longa tenta se fazer realista demais, como Medo Profundo 2 (2019), trazendo situações que não condizem com a proposta e que por resultado descredibilizam o longa como um todo. 

Para começar uma coisa precisa ser dita, O Demônio dos Mares não se encaixa em nenhuma das opções citadas acima, o único problema é que não é de forma positiva, o que vemos aqui é uma tentativa de criar um filme de tubarão porém que vai de nada a lugar nenhum, seja pela condução sem rumo ou pelo roteiro indeciso, que tenta ser tudo, um drama familiar, um thriller de perseguição, não acertando em nada, tão pouco no que realmente se propõe. 

A premissa sem o menor desenvolvimento já revela o que virá a seguir, mas ainda assim o longa se esforça para surpreender, novamente, longe de ser algo positivo, a narrativa parece empacada, tudo o que acontece parece não ter peso ou sentido narrativo pois não contribui para o caminhar da trama, que boa parte do tempo se volta para os personagens tentado concertar algo que não gera interesse algum.  

A direção parece desesperada em provar ao espectador que estamos diante de um filme de suspense, gerando tensão, ou tentando, em momentos em que os personagens apenas andam pelas ruas ou em um diálogo sem sentido com um morador local, dando a entender que os protagonistas estão cercados por ameaças de todos os lados, ameaças essas que sequer assustam realmente. 

E isso é um detalhe que se repete, o roteiro a todo momento tenta vilanizar algum personagem aleatório, o fazendo da forma mais caricata possível, aliás caricata talvez seja a palavra que melhor define o longa como um todo, dos personagens a trama, nada parece estar no lugar certo, ou melhor, no tom certo. 

A grande ameaça que temos aqui, o tubarão, é escanteado descaradamente, talvez por falta de orçamento ou de vergonha mesmo, quando os personagens enfim chegam à plataforma, ponto de enfrentamento principal do longa, tudo que vemos sobre o temido tubarão são sequências subaquáticas de alguns segundos, ou algum esbarrão na plataforma, no mais, acompanhamos os personagens indo de uma canto para o outro ou em meio a discussões sem sentido. 

Aliás a trama toda se arrasta por discussões assim, que mesmo parecendo cômicas tentam se levar a sério, o que resulta apenas em vergonha alheia, algo corroborado pelas performances fora do tom do elenco, que vão de contidas a espalhafatosas em segundos, mesmo sem exigência do texto.  

E mesmo após toda mediocridade o longa ainda zomba do espectador, tentando causar alguma comoção com o sacrifício de determinado personagem, porém a direção deve ter se esquecido que para tal artifício ser funcional é preciso o mínimo de desenvolvimento, bons personagens e um arco dramático somado à um pouquinho de credibilidade.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Demônio dos Mares

Avaliação: ⭐️⭐️ / 2,0

Direção: Adrian Grunberg

Elenco: Josh Lucas, Fernanda Urrejola, Venus Ariel, Jorge A. Jimenez, Carlos Solórzano

Duração: 1h 40m

Roteiro: Carlos Cisco, Boise Esquerra

Fotografia: Antonio Riestra

Trilha sonora: Rick Villagomez

Ano: 2023