Velozes e Furiosos X
Por mais insano, e deliberadamente descompromissado com qualquer resquício de verossimilhança, uma coisa precisa ser dita, a franquia Velozes e Furiosos fez história e criou um caminho próprio para seguir, caminho esse em que naquele universo o impossível não existe, logo, qualquer decisão tomada pelos realizadores pouco incomoda, pois é em prol da diversão, contanto que os personagens tenham seus respectivos carros em posse.
Em dez filmes e pouco mais de vinte anos de franquia, pasmem, Velozes 10 consegue trazer algo ainda não explorado na franquia, até porque antes não seria possível ou não teria o mesmo efeito, a nostalgia. O texto consegue levar o público à momentos marcantes na trajetória da franquia, nos levando a pensar em como nos envolvemos, e nos apegamos àqueles personagens, e aos que não puderam estar presentes.
Com isso a longa aproveita para de certa forma voltar às origens, dando início ao processo de despedida da franquia, algo que antes parecia distante, e muito, aqui começa a ganhar forma. E isso traz ao longa algo que havia se perdido durante a franquia, peso dramático, algo que também é alcançado através da relação de Toretto (Diesel) e Brianzinho (Leo Abelo Perry), reconectando o público à trama e personagens, o que antes, graças a algumas decisões de roteiro se tornou inviável, especificamente no último capítulo da franquia.
A direção abre mão do absurdo em excesso visto no longa anterior, e mesmo que ainda assim as sequências não tenham qualquer compromisso com a realidade, vemos algo mais palpável, semelhante ao visto nos longas 5 e 6, só que um pouco mais contido, a base de Velozes 10 é o arco dramático de pai e filho, as acrobacias e pirotecnia continuam ali, porém como meros coadjuvantes.
O elenco, velho conhecido do público se mantém carismático, e as demais aquisições funcionam como auxiliares, permitindo o roteiro se manter funcional mesmo com algumas ausências, funcional diga-se de passagem, em meio a inúmeras conveniências obvias que compõem o longa como um todo, porém que já se tornaram parte da historia chagando ao ponto de não incomodarem, pois já estamos cientes de sua presença e importância para a franquia se manter viva.
Mas, Velozes 10 tem um reforço a mais, ou melhor dois, o pequeno Brianzinho como já citei, e o vilão Dante (Momoa), o pequeno Brian conquista pelo carisma e apelo dramático, já Momoa se mostra a escolha perfeita para o maior e último vilão da franquia, algo notado pelo texto que não descarta o personagem na primeira oportunidade, nem na última.
Seu personagem é caricato ao extremo e tão hilário quanto, o que nos leva ao principal diferencial de Velozes 10, o fato de mergulhar por inteiro na comédia pastelão, incluindo o vilão, em que antes eram mais sombrios e buscavam impor medo, algo que não fazia sentido com a proposta do longa e destoavam do todo, pois uma franquia que sempre teve o lado cômico aflorado necessitava de um vilão que fizesse jus à isso, e Momoa o faz.
Com isso o longa alcança um equilíbrio perfeito entre ação, e detalhe, ótimas sequências de ação que empolgam como não acontecia há tempos, e comédia, especificamente com o vilão psicótico de Momoa, detalhe que o coloca como maior vilão da franquia por mérito próprio, pois é a composição do ator que traz o diferencial ao personagem.
Velozes 10 usa da própria franquia para se reinventar, e assim conseguir fôlego suficiente para garantir o encerramento que a franquia merece, fazendo jus ao universo paralelo criado pela franquia faz o impossível para garantir que a festa esteja completa no gran finale, fazendo com que todos os convidados estejam presentes, no que provavelmente será o evento do cinematográfico do ano.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Velozes e Furiosos 10
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 7,0
Direção: Louis Leterrier
Elenco: Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Sung Kang, Helen Mirren, Brie Larson, Jason Momoa, Alan Ritchson, Daniela Melchior, Leo Abelo Perry, John Cena, Charlize Theron, Jordana Brewster, Jason Statham
Duração: 2h 21m
Roteiro: Dan Mazeau, Justin Lin
Fotografia: Stephen F. Windon
Trilha sonora: Brian Tyler
Ano: 2023