O Nascimento do Mal

O Nascimento do Mal

14 de maio de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

A palavra que melhor define o longa em questão podemos dizer que é desperdício, tanto em temática quanto de uma atriz talentosa. Podendo trabalhar com um tema muito relevante como a depressão pós parto, o longa prefere voltar todas as suas ações à clichês do gênero, e um roteiro que só transmite algo relevante nos minutos finais de rodagem, infelizmente. 

Sem inspiração até mesmo para uma boa premissa, o longa começa morno, e segue assim. Uma premissa mais lenta e sem nada grandioso não é um problema, muitos longas usam disso para desenvolver a trama sem pressa, aos poucos, sem aquela necessidade de impactar logo nos minutos iniciais, algo comum, porém aqui isso não acontece, a falta de conteúdo perdura durante toda a trama, tornando um filme mesmo curto arrastado em vários momentos.  

Detalhes importantes são deixados de lado intencionalmente, para em seguida serem explorados em flashbacks aleatórios durante a trama, ressaltando um trauma da protagonista que já tinha ficado claro na primeira vez, mas o longa prefere zombar da inteligência do espectador e se faz repetitivo no decorrer do longa.

Mas o pior defeito de O Nascimento do Mal, além do título nacional sem sentido, é a direção, uma direção extremamente covarde e trapaceira, que conduz uma narrativa totalmente calcada no jump scare, algo que se faz recorrente durante toda a trama, e quando não é isso o diretor usa de um dos artifícios mais baixos para causar o susto, as alucinações, detalhe que se fosse bem encaixado e usado de forma coesa faria sentido, tendo em vista o estado mental da protagonista, porém é algo usado à esmo e como disse, de forma trapaceira. 

A indecisão também é outro defeito que ressalta um direção perdida, detalhe notado no personagem do pequeno ‘fantasma’, personagem esse que é apresentado de forma que o mesmo seja visto como uma ameaça, incluindo um voz fastasmagórica horrível, para em seguida descobrirmos que é amigo, e sua intenção sempre foi ajudar a protagonista, sem falar no fantasma principal que só da as caras nos minutos finais, quando o texto necessita.  

Nem mesmo o talento de Melissa Barrera é suficiente para salvar o longa, e olha que ela se esforça, mas tendo em vista seu parceiro de cena medíocre, fica difícil, a atriz acaba por ser a única responsável pelo mínimo de credibilidade em tela, mas sem o auxilio de uma trama satisfatória e uma narrativa honesta, seus esforços são em vão. 

O assunto abordado é promissor, e poderia ser melhor aproveitado, a maternidade e o terror geralmente se dão bem, mas um desenvolvimento decente é descartado em prol do apelo visual tomado por sustos baratos e personagens descartáveis, com exceção da protagonista. 

Por fim, o terceiro ato é o único a transmitir algum sentimento ao público, dando a entender que foi o único momento realmente pensado e elaborado, porque funciona, mesmo destoando da proposta central do longa. A carga dramática que envolve o plot final é tocante, sendo o ponto alto do longa, mas infelizmente não é suficiente para salvar uma trama que vinha em queda livre, indo direto para o esquecimento.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Nascimento do Mal

Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0

Direção: Lori Evans Taylor

Elenco: Melissa Barrera, Guy Burnet, Edie Inksetter, Sebastian Billingsley-Rodriguez, Erik Athavale

Duração: 1h 30m

Roteiro: Lori Evans Taylor

Fotografia: Jean-Philippe Bernier

Trilha sonora: Chris Forsgren

Ano: 2023