A Mãe

A Mãe

13 de maio de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

É difícil tentar entender o que os realizadores tinham em mente quando criaram o filme em questão, a proposta, um longa de ação e suspense, o resultado, não chega sequer perto de ambos. De quebra, ainda leva o selo “original Netflix”, tornando ainda mais difícil a tarefa de defender as produções originais da gigante do streaming, um aparente alto investimento, que provavelmente foi todo para garantir Jennifer Lopez no protagonismo e chamar a atenção com material de divulgação.

Por outro lado, fica fácil saber o que veremos no decorrer do longa, pois já em sua premissa temos uma J.Lo a lá MacGyver, sequência que tinha como função apresentar ao público as habilidade da personagem, porém com um leve auxílio do roteiro, o que torna tudo indigesto tamanha são tais conveniências, inclusive na conclusão da sequência.    

A seguir temos um salto temporal de doze anos, que pouco ou quase nada é explorado, um detalhe que poderia trazer profundidade a uma trama tão rasa, detalhes importantes como desenvolver minimamente as personagens, criando um vinculo entra as mesmas e o público, para nos importarmos ao menos um pouco com o destino daquelas que iremos acompanhar, o que não acontece, os demais personagens se quer ganham importância narrativa, Cruise (Omari Hardwick), é o que mais se aproxima disso.

J.Lo pode ser satisfatória quando está envolvida em uma comédia romântica, com exceção da última bomba, Casamento Armado (2022). Porém, aqui a atriz em momento algum convence como a sniper que o longa tenta vender, talvez, novamente, devido a falta de atenção para com o arco da mesma, somado a falta de uma melhor desenvoltura corporal, o que colabora para um resultado medíocre.  

A montagem até tenta ajudar nas sequências de ação, porém só consegue deixar tudo mais confuso, seja com cortes ilimitados que além de tudo alternam para algo fora da cena em questão, ou a falta de ritmo para com as sequencias, que acabam por não causar o mínimo de empolgação. 

A lado dramático que envolve mãe e filha é tão mal desenvolvido que em momento algum nos importamos com o destino de ambas, nem mesmo os esforços da jovem Lucy Paez em chorar a todo momento ajudam, e algo assim só poderia resultar em uma relação rasa e um desperdício de temática, o texto ainda tenta a todo momento incluir frases comoventes e de efeito, porém é tão forçado que causa vergonha alheia, e em momento algum acreditamos estar diante de mãe e filha. 

Tomado por um amontoado de sequências episódicas, em que determinado momento deixamos de nos importar com as facilitações de roteiro tamanha a falta de vergonha, um vilão clichê desde sua “criação”, me refiro as marcas do incêndio, o longa ainda conta com maneirismos sem sentido narrativo por parte da direção, como um zoom com desfoque ao redor do personagens. O que por fim resulta em um longa que, além de arrastado é monótono do começo ao fim.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: A Mãe

Avaliação: ⭐️⭐️ 2,0

Direção: Niki Caro

Elenco: Jennifer Lopez, Lucy Paez, Omari Hardwick, Joseph Fiennes, Gael García Bernal, Jesse Garcia

Duração: 1h 55m

Roteiro: Misha Green, Andrea Berloff, Peter Craig

Fotografia: Ben Seresin

Trilha sonora: Germaine Franco

Ano: 2023