O Exorcista do Papa

O Exorcista do Papa

6 de maio de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Um filme que busca lidar com exorcismo já se coloca automaticamente de frente com um enorme desafio, pois há uma grande quantidade de longas que abordam o assunto, e o fazem à esmo, desmerecendo o subgênero e tornando o mesmo irrelevante sob a visão do público geral, tendo em vista a qualidade, então O Exorcista do Papa aposta em uma história real para ao menos trazer um pouco de credibilidade à trama, e até consegue, parcialmente.

Apesar dos problemas uma coisa precisa ser dita, o longa em questão busca um caminho diferente, tente sair da mesmice, com uma trama que mistura investigação e exorcismo a direção tenta mesclar os gêneros, o que infelizmente resulta em algo desequilibrado em que a a narrativa não transita com eficiência entre ambos, revelando uma dificuldade por parte da direção em trabalhar o suspense de maneira isolada.  

O tropeço maior talvez seja na escolha de elenco, com a exceção óbvia de Crowe, os demais são medíocres, o jovem Henry vivido pelo ator Peter DeSouza-Feighoney é assustadoramente vergonhoso, desmerecendo todo o trabalho da direção, seus trejeitos e movimentos exagerados empregam ao personagem um ar extremamente caricato, dispensado qualquer tensão que a sequencia possa transmitir ao público, que pode se pegar esboçando um riso involuntário nas sequencias do jovem.    

E digo isso porque há um ou dois momentos em que a direção mostra dedicação, a sequência em que o demônio ataca a família toda ao mesmo tempo é muito bem construída e minimamente tensa, tendo em vista a participação reduzida do garoto, os elementos de terror funcionam de maneira única naquele momento em questão, que até destoa do todo.  

Mas talvez o problema maior esteja no texto, o roteiro tenta construir o suspense baseado em todos os clichês do gênero, e a direção segue a cartilha, o que torna a vertente do terror falha de modo geral, o que para um longa de exorcismo em que a base é uma historia de terror não é nada bom, nem mesmo o alivio cômico salva, as piadas fora de tom do Padre causam mais vergonha alheia do que risos. 

Agora de um ponto de vista histórico o longa se faz atraente, a direção consegue desenvolver melhor os mistérios ao terror, a investigação e os assuntos obscuros envolvendo a igreja católica funcionam, especificamente o lado mais oculto, a inquisição espanhola, talvez se o longa se aprofundasse melhor no assunto seria mais interessante, e não resultaria em um o longa parcialmente funcional, já que fica claro que o que sustenta o longa até o final é o mistério, e infelizmente, não o terror.  

O terceiro ato talvez seja o maior delírio do longa, a sequência toda é quase uma batalha de super heróis com direito à golpe de misericórdia, o que se revela uma clara tentativa da direção em tornar o padre um herói propriamente dito, um caçador de demônios, revelando o desejo do produtores em transformar a produção em uma franquia, só vamos esperar que o resultado seja algo mais consistente comparado ao que vimos aqui.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Exorcista do Papa

Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0

Direção: Julius Avery

Elenco: Russel Crowe, Daniel Zovatto, Alex Essoe, Peter DeSouza-Feighoney, Laurel Marsden, Cornell John, Franco Nero

Duração: 1h 43m

Roteiro: Michael Petroni, Evan Spiliotopoulos

Fotografia: Khalid Mohtaseb

Trilha sonora: Jed Kurzel

Ano: 2023