A Morte do Demônio: A Ascensão

A Morte do Demônio: A Ascensão

22 de abril de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Uma franquia consolidada, e reafirmada como exemplar do gênero, no remake excelente de 2013, A Morte do Demônio é marcada por seus extremos, seja no mergulho galhofa visto na trilogia clássica, ou no horror banhado pelo gore que vimos na releitura. Então surge “A Ascensão”, uma clara tentativa de trazer inovação para a franquia, se passando no mesmo universo, porém de outro ponto de vista, em uma situação totalmente diferente, o que a principio parece uma boa escolha até mesmo para justificar a sequência.  

Com uma introdução sangrenta, porém sem função narrativa, algo que só descobrimos ao final da rodagem, o longa se inicia. Talvez essa seja uma tentativa por parte da direção para trazer o espectador para dentro da trama, o que se faz dispensável do ponto de narrativo, tendo em vista a inutilidade de tais personagens, o que se confirma com uma volta no tempo de um dia, que tenta ligar os dois grupos, porém repito, sem importância alguma. 

Na sequência temos uma breve introdução dos personagens, e que deve ser ressaltado composto por um elenco competente, mas tal introdução dura pouco pois o roteiro precisa agir, então é necessário ignorarmos algumas conveniências em prol da narrativa, para assim tornar possível o contato daqueles personagens com o espirito maligno do livro dos mortos. 

A principal, e talvez única novidade aqui, está na ambientação, a atualização do cenário funciona e a direção é competente ao usar recursos inclusos na diegese para aludir aos elementos da floresta, tornando o prédio como um todo tenso e assustador, especificamente após o terremoto, também é impossível negar a eficiência da direção de Lee Cronin em conduzir basicamente toda a trama no apartamento da família, uma referencia direta a cabana do clássico sob as devidas proporções.

 A comparação com o remake de 2013 é inevitável, tendo em vista os recursos semelhantes usados pelo roteiro, com uma única diferença, aqui o diretor opta por algo menos gore, apesar de ainda ter muito, porém em menor escala, se o longa de 2013 nos leva ao limite do horror e da repulsa, aqui a direção tira o pé um pouco antes disso e se volta para o suspense.

O horror corporal é reduzido, veja bem, reduzido, mas ainda assim muito presente, em prol do terror, o suspense é a base narrativa e aqui segue constante, e apesar da trilha repleta de acordes que sugerem um jump scare a todo momento, o diretor se esquiva de tal clichê e se volta para a construção da tensão, seja através de um personagem que surge em segundo plano, ou do jogo de sombras enaltecido pela fotografia, que torna o ambiente como um todo assustador. E vale destacar a sequência do olho mágico, em que a personagem leva o espectador a acompanhar o massacre sob sua perspectiva.

Como disse anteriormente, o elenco é competente, mas um trio se destaca, a protagonista Ellie (Alyssa Sutherland), transita com eficiência entre as fases da possessão, lembrando brevemente Ash, devido os rápidos momentos cômicos que compõe sua performance. A irmã Beth (Lily Sullivan), supre a necessidade de um oponente à altura e divide bem o protagonismo, já a pequena Kassie (Nell Fisher), é um show à parte de talento e carisma.  

A trama é repleta de referências, seja a própria franquia ou clássicos do gênero, e mesmo contando com sequências assustadoras a sensação que fica é que faltou coragem por parte da direção, a trama parece seguir a cartilha mas sem ousar muito para não causar estranheza, palavra que não existe na franquia, talvez essa sensação se de pela escolha da direção pela tensão, tornando o longa funcional em partes porém que se equilibra para não mergulhar de vez em um só objetivo.

Até mesmo a abordagem relacionada a família é rasa, algo que ocorre devido a pressa em aterrorizar. Outro ponto é a vulnerabilidade do alvo do livro, sendo muito sutil, a direção sugere que a fragilidade de Ellie é devido ao luto, ressaltado brevemente na sequência do armário de roupas, porém isso não recebe a atenção necessária no decorrer da trama, o que deixa claro que todas as atenções foram voltadas para a superfície, que mesmo sendo eficiente tinha espaço para ir além.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: A Morte do Demônio: A Ascensão

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 7,0

Direção: Lee Cronin

Elenco: Alyssa Sutherland, Lily Sullivan, Gabrielle Echols, Morgan Davies, Nell Fisher

Duração: 1h 37m

Roteiro: Lee Cronin

Fotografia: Dave Garbett

Trilha sonora: Stephen McKeon

Ano: 2023