Uma Noite Alucinante 3
Após dois longas em que o diretor Sam Raimi parecia ter extraído tudo que podia do universo de A Morte do Demônio, no terceiro e último filme da trilogia o diretor tenta ir além, se no último longa havia alguma limitação opcional para não destoar muito ao original, aqui o diretor mergulha de cabeça no absurdo, e tendo usado o segundo longa como ponte, tal transição não causa estranheza, mesmo não tendo muito para onde ir.
Os três filmes apesar de se passarem no mesmo universo, transitam entre subgêneros distintos, sendo apenas o original um exemplar de terror, pois sua sequência já se mistura com a comédia mantendo um leve toque de suspense, talvez uma escolha da direção para fazem com que as sequencias não pareçam repetitivas ou mais do mesmo, escolha que funciona perfeitamente nos dois primeiros longas, tendo em vista o resultado do longa em questão.
Digo isso pois aqui o diretor traz um longa de ação medieval em que Ash (Bruce Campbell), se torna um herói imbatível, a comédia se mantém e o absurdo domina a narrativa, mas essa escolha faz com que o publico perca parte da conexão com o protagonista pois em momento algum sua vida parece estar em risco, nem mesmo seu caso amoroso, artificio narrativo que o roteiro usa para tentar trazer o mínimo de tensão à trama, não ajuda, até porque o casal é forçado e não funciona.
Como um todo o longa tem muito de seu antecessor, as piadas em tom de exagero, os efeitos práticos marcam presença fortíssima, porém a trama voltada para a ação perde em essência, são poucos os momentos em que o longa remete a franquia, intencional ou não, o resultado não agrada por completo.
Campbell mais uma vez sustenta toda a trama, pois os demais personagens em pouco ou quase nada acrescentam à mesma, porém isso já tinha acontecido no longa anterior, mas a trama com um todo era mais enxuta e não contava com um elenco numeroso. A tentativa de expandir o universo incluindo até mesmo viagem no tempo, algo que empolga a princípio, mas não sustenta a trama.
As características marcantes do diretor, aqui quase não tem espaço, talvez seja o resultado por se distanciar do gênero que a trama se escora, destoando e levando o publico a pensar estar diante de um épico medieval, divertido, mas não o suficiente.
O longa diverte em alguns momentos, e se mantém admirável em fotografia e maquiagem, e apesar da invulnerabilidade, Ash continua carismático e garante os melhores momentos do longa. Mas, a tentativa de trazer uma conclusão grandiosa para uma franquia em que o minimalismo era a essência, resulta em um final mediano e esquecível, características que não representam o início de tudo.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Uma Noite Alucinante 3
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 6,0
Direção: Sam Raimi
Elenco: Bruce Campbell, Embeth Davidtz, Marcus Gilbert, Ian Abercrombie
Duração: 1h 36m
Roteiro: Sam Raimi, Ivan Raimi
Fotografia: Bill Pope
Trilha sonora: Joseph LoDuca
Ano: 1992