I Wanna Dance With Somebody

I Wanna Dance With Somebody

8 de abril de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Uma cinebiografia requer sempre uma atenção especial, pois contam com detalhes sobre uma trajetória de uma estrela conhecida no mundo todo. Com isso, não só de figurinos belíssimos e cenários que recriam performances marcantes se faz um longa do tipo, é preciso uma verossimilhança acima da média, justamente por ser uma história real.

A trama parte da última apresentação de Whitney, levando o espectador à uma viagem no tempo, porém não tão distante, recriando os passos da cantora até ali. Não táo distante porque o longa opta em ignorar a infância da cantora tendo como ponto de partida sua juventude, um detalhe que já diz muito a respeito do longa e suas prioridades. 

Logo de cara, um dos detalhes que mais chama a atenção é a semelhança da atriz Naomi Ackie com Whitney, em que por vezes temos a impressão de estar diante da mesma ainda jovem, o que revela uma atenção especial na escolha de elenco, mas as semelhanças param por ai, se limitando apenas a aparência. 

Mas algo que também já marca presença ainda nos primeiros minutos é o problema do longa com transições, os saltos temporais acontecem de forma abrupta, levando o espectador a se desconectar parcialmente do longa para poder notar a passagem de tempo, já que os letreiros com a datas são incluídos apenas nas apresentações. 

A escolha da direção em focar na Whitney estrela, faz com que o longa perca em essência, pois a vida pessoal da mesma, que traria profundidade a personagem, como a relação com as drogas por exemplo, é pouco desenvolvida, até mesmo seu romance com Robyn (Nafessa Williams), relação essa que tem parte importante da vida da cantora, é rapidamente explorada e deixada pra trás, mantendo a personagem em tela basicamente sem uma função narrativa.  

Assim o longa se sustenta nas apresentações musicais, um detalhe em que o mérito não é de todo do longa, já que se tratam de recriações de apresentações reais. Em relação à isso, a montagem ate tenta esconder os fracos efeitos visuais do longa, notados em vários momentos, incluindo planos fechados no rosto da cantadora para esconder tais problemas, opção que funciona em alguns momentos e outros nem tanto, mas que são salvos pela boa música. 

Porém não é possível ignorar que isso resulta em uma narrativa fragmentada, composta basicamente por clipes musicais, unidos através de diálogos fracos e com algumas frases de efeito batidas, já que a relação que melhor se desenvolve é da cantora com o empresário Clive Davis (Stanley Tucci), a relação controversa com os pais é confusa, especificamente com pai. 

A atriz apesar de não cantar, tendo em vista as possibilidades, consegue convencer com sua performance bem encaixada, que mesmo não sendo surpreendente se mostra uma ótima cantora de lip sync, em que a voz parece realmente sair de sua boca, esse mérito o longa sustenta. 

I Wanna Dance with somebody, como um todo, é uma homenagem bem superficial da trajetória incrível de Whitney Houston, porém apesar de mediano, o longa consegue se sustentar através da gama musical da cantora, e uma trama leve composta basicamente por conflitos adolescentes.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: I Wanna Dance With Somebody

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 5,0

Direção: Kasi Lemmons

Elenco: Naomi Ackie, Stanley Tucci, Ashton Sanders, Tamara Tunie, Clarke Peters, Nafessa Williams

Duração: 2h 24m

Roteiro: Anthony McCarten

Fotografia: Barry Ackroyd

Trilha sonora: Chanda Dancy

Ano: 2022