O Urso do Pó Branco

O Urso do Pó Branco

1 de abril de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Talvez não houvesse um jeito certo de contar essa história tão louca quanto inacreditável, mas definitivamente a forma escolhida pela diretora Elisabeth Banks é um tanto quanto equivocada, o humor da maneira que é usado aqui se escora na sátira para tentar o mínimo de credibilidade, porém acaba acertando no ridículo, com piadas de extremo mau gosto e/ou ultrapassadas, o pior é que tudo isso foi feito de maneira intencional.  

Em uma tentativa de ilustrar demais uma história que já faz isso por si só, a diretora abusa da liberdade criativa para desenvolver uma trama desconexa, em que nada parece estar no lugar certo ou recebendo o mínimo de atenção. Seja por parte do roteiro ou da própria direção, a impressão que fica é que o longa como um todo está fora de tom, ridículo demais para se encaixar em uma comédia comum, e forçado demais para “não se levar a sério” e soar como uma boa obra galhofa, que diverte mesmo sendo sem sentido.  

Os personagens, intencionalmente caricatos, nada mais são que uma forma de transparecer que toda aquela alegoria é em prol da narrativa, porém o longa peca pela exagero, tentando exaustivamente transmitir ao espectador que o mesmo está diante de uma obra sem o menor interesse de se levar a sério, e tudo bem existem inúmeros longas que se encaixam nesse sentido, porém o que incomoda é a afirmação constante que se repete durante todo o longa, exaurindo qualquer apego que o público poderia ter para com a obra.  

O roteiro sequer tem a intenção de desenvolver algum personagem, os diálogos muito menos, que de tão rasos tem como único objetivo impor o mínimo de interação entre os personagens, com o intuito de preencher a trama vazia e os noventa minutos de duração, e faz com isso com inúmeras piadas, em que algumas funcionam, outras causam riso involuntário por vergonha alheia. Personagens esses que são jogados em tela de qualquer forma, apenas para aumentar o número de vítimas do urso doidão, somados a uma trilha sonora fora de tom, que é só mais um dos absurdos que vemos aqui. 

Os momentos envolvendo o urso não são ruins, mas poderiam ser melhores, em especial se os ataques não fossem deixados fora de tela em sua maior parte, pois a maquiagem é competente, mas como não ganham o espaço necessário faz como que o longa perca a oportunidade de obter um ponto positivo pelo gore. Sobre os efeitos visuais do urso, de acordo com a proposta digo que são até mais que suficientes, é isso.  

O longa tenta ser uma comédia galhofa que por vezes passeia pelo suspense, e consegue, consegue o feito de fracassar em ambos, não bastasse isso no final do terceiro ato o roteiro ainda tenta incluir um diálogo motivacional envolvendo pais e filhos, detalhe que o longa faz piadas péssimas com isso durante toda a trama, o que nos leva a perceber que a direção estava mais perdida sob o que pretendia com o longa do que o próprio urso cheirado.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Urso do Pó Branco

Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0

Direção: Elisabeth Banks

Elenco: Keri Russell, Alden Ehrenreich, O’Shea Jackson Jr., Ray Liotta, Isiah Whitlock Jr., Brooklynn Prince, Christian Convery, Margo Martindale, Jesse Tyler Ferguson, Ayoola Smart

Duração: 1h 35m

Roteiro: Jimmy Warden

Fotografia: John Guleserian

Trilha sonora: Mark Mothersbaugh

Ano: 2023