Mate-me Por Favor

Mate-me Por Favor

23 de março de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Apesar de vir ganhando mais espaço nos últimos anos, o gênero de terror ainda é pouco explorado em solo brasileiro, então a estreante Anita Rocha da Silveira escolhe o mesmo para sua primeira obra e mostra facilidade em trabalhar os elementos do gênero, em um longa complexo e que usa de vários artifícios psicológicos para desenvolver sua trama, a diretora explora o medo de inúmeras formas.

Com uma introdução simples porém eficiente para com a proposta, a diretora coloca o espectador frente à frente à primeira vítima, em um sequência em que o suspense é desenvolvido gradativamente e o mistério é incluído na trama, pois em momento algum o rosto do assassino é mostrado, algo que no decorrer da trama passa ter outra explicação, algo mais simbólico e que busca usar o ambiente em com personagem.

E talvez seja essa a maior facilidade da diretora, o desenvolvimento da ambientação, tornando a mesmo um dos principais “vilões do filme”. No universo adolescente temos uma mistura de curtição com desafios da idade, em paralelo a isso Anita desenvolve o suspense, ludibriando o público através de clichês óbvios mas sempre aludindo ao principal medo das mulheres, as principais vitimas, sejam adolescentes ou mais velhas estão sempre cercadas pelo perigo justamente por serem mulheres. 

Assim Anita cria um terror que aqui é psicológico, explorando os medos e desafios que uma mulher enfrenta, seja ao cruzar uma rua escura, ou no caso da protagonista, a puberdade, justamente com a descoberta do desejo sexual, algo desconhecido e que assusta verdadeiramente.  

A trilha sonora com uma batida de funk exalta os momentos trazendo empolgação, e expondo a maneira como aqueles jovens se divertem, mas um sequencia em especifico mistura musica e tensão, me refiro a sequência do velório da primeira vítima, em que Bia (Herszage), segue embalada pela voz do irmão de forma sinistra e assustadora. 

O único ponto falho do longa talvez seja a vertente religiosa, presenta em vários momentos do longa, porém pouco aproveitada, ficando apenas na superfície. A jovem atriz Valentina Herszage se encaixa com perfeição na personagem, com as nuances necessárias para expor as camadas da mesma que se descobre no decorrer da trama, seus desejos, em paralelo a sua personalidade, sendo esse um de seus maiores medos somado a ciência do risco que paira ao redor dela e suas amigas. 

O acerto em não revelar a identidade do assassino alude à uma citação de que o mesmo pode ser qualquer um, até mesmo alguém próximo, pois esse tipo de monstro tem o poder de se camuflar de inúmeras formas, ate mesmo na pele de alguém como seu irmão, um stalker opressor como sugere o longa, mas que a reação de sua “vitima” sugere algo muito pior.  

O longa faz referência a maturidade e seus desafios, assustadores em alguns momentos, mas também é um grito de inúmeras mulheres atacadas covardemente, algo que assusta a protagonista, que se colocando no lugar das vítimas em meio a todo aquele sofrimento prefere a morte, por favor.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Mate-me Por Favor

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 8,0

Direção: Anita Rocha da Silveira

Elenco: Valentina Herszage, Dora Freind, Mari Oliveira, julia roliz, Bernardo Marinho, Laryssa Ayres

Duração: 1h 44m

Roteiro: Anita Rocha da Silveira

Fotografia: João Atala

Trilha sonora: Bernardo Uzeda

Ano: 2015