Pânico VI

Pânico VI

11 de março de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

De volta ao universo Pânico, mas dessa vez sem a responsabilidade de suprir as necessidades de uma sequência/remake. Assim, o longa pode caminhar sozinho e desenvolver os personagens que conhecemos no último ano, ao menos esse era o intuito, tentando também trazer algo nossa para os eventos que parcialmente se repetem ao longo dos anos, começando pela cidade.

A trama se passa em Nova York, pela primeira vez em um território diferente, um detalhe que tem como objetivo trazer novidade e expansão para o universo da franquia que sempre se limitou à Woodsboro, e com a ausência da eterna protagonista, Sidney (Neve Campbell), o longa tem a oportunidade de sair da mesmice e rumar novos horizontes, mas a velha historia de tentar ser mais e maior parece ser um empecilho no caminho do ghostface e suas demais versões aqui presente.  

Essa tentativa de inovação já se mostra pouco eficiente na fraca e pouco inspirada sequência de abertura, sequência essa que se tornou um marco na franquia por se tratar sempre de um dos melhores momentos do longa, detalhe que Pânico (2022) representou com maestria, aqui é só mais uma morte aleatória sem o mínimo de tensão prévia ou momentânea. 

A frenesi de antes abre espaço para uma narrativa episódica, pontuada por bons momentos paralelamente à diálogos fracos, sem a força da metalinguagem, que apesar de marcar presença no texto a impressão que fica é que está ali apenas para cumprir tabela, ou fazer referências ao gênero, mas como já vimos inúmeras vezes nem só de referência se faz uma boa trama, muito pelo contrário.  

Ainda assim as sequências de enfrentamento, quando acontecem, são eficientes, o Ghostface continua aterrorizante, apesar de menos letal, fato evidenciando durante toda a trama, temos uma quantidade significativa de gore, suficiente para garantir a censura 18 anos, marcando presença forte juntamente à tensão, que quando não se estende de maneira deliberada, funciona. 

A força maior do longa podemos dizer que está no elenco, Jenna Ortega e Melissa Barrera, juntamente com os demais, base do ano anterior, pois os novos personagens são extremamente genéricos e vazios, presente na trama como mero descarte, caso contrário não teríamos morte alguma nesse novo episódio, evidenciando a falta de coragem por parte da direção, especificamente em uma suposta “morte importante”. O longa até tenta fazer piada com tais personagens, para deixar ciente do quão ridículo está sendo, o maior exemplo disso é “o vizinho gato”, uma piada que funciona na primeira vez depois é vergonha alheia, detalhe enfatizado pelo ator, sendo uma porta, não conseguindo passar verdade nem mesmo em um simples aceno pela janela. 

No material de divulgação, incluindo trailers, havia a promessa algo grandioso devido a trama se passar em NY, porém pouco se vê da grande metrópole, com exceção do trem e alguns planos aéreos as demais sequências se passam em ambientes menores e/ou fechados, o que nos leva á todos os longas anteriores, com a diferença de que lá tais cenas funcionaram melhor. 

O terceiro ato, outro ponto forte da franquia, garante bons momentos, só que mais uma vez a tentativa de ser maior culmina em um tropeço, uma revelação que tenta ser grandiosa, mas sem a força necessária advinda da narrativa culmina em uma revelação fraca e medíocre. Se no último ano tivemos algo fiel a franquia que de quebra nos brindou com um novo elenco poderoso, o sexto episódio se limita a função de ponte, tendo em vista que um sétimo já fora confirmado, enfim, o que sobrava em estilo em pânico de 2022, falta em personalidade neste.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Pânico VI

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 5,0

Direção: Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett

Elenco: Jenna Ortega, Melissa Barrera, Courteney Cox, Jasmin Savoy Brown, Mason Gooding, Hayden Panettiere

Duração: 2h 3m

Roteiro: James Vanderbilt, Guy Busick

Fotografia: Brett Jutkiewicz

Trilha sonora: Sven Faulconer, Brian Tyler

Ano: 2023