Creed III

Creed III

4 de março de 2023 0 Por Filipe R. Bichoff

Após dois longas com um sucesso considerável, e qualidade acima da média, um terceiro filme era certo, e em um momento em que a grande maioria das sequências começa a perder força, no terceiro capítulo, ou se tornar mais do mesmo, Creed mostra que ainda tem lenha para queimar e traz uma trama envolvente e principalmente, diferente de tudo que vimos na franquia.

A premissa parte de um ponto pouco explorado de Adonis (B. Jordan), sua infância e adolescência, com isso a trama tem margem para se expandir sem muitas dificuldades, e abre espaço para novos personagens fazendo com que a ausência de Rocky não seja sentida e Creed possa enfim caminhar sozinho, seja o personagem ou o longa como um todo, que sempre precisou da figura de Stallone para se ligar a franquia, aqui isso é descartado com sucesso. 

Não é novidade para ninguém que os longas anteriores trouxeram ótimas sequências de luta, com um destaque para o primeiro capítulo, com isso a dificuldade para trazer algo novo era ainda maior, o longa poderia se manter na zana de conforto assim como o segundo filme, e se manter com o que foi entregue no primeiro capítulo, porém seria um risco a se correr.  

Então o estreante na direção, e corajoso, Michael B. Jordan surpreende, e além de conduzir uma trama com a tensão nas alturas, B. Jordan eleva os combates um nível acima, com movimentos de câmera ágeis mesclados ao slow motion, o diretor passa para o público o peso dos golpes, que aqui parecem surtir efeito dobrado em combates altamente dinâmicos. 

O texto ainda trás algo que cativa o público, seja por curiosidade ou apenas pelo combate, porém a relação que vemos em tela entre Adonis (B. Jordan) e Damian (Jonathan Majors), transmite autenticidade, e o trabalho de Majors ajuda nisso, pois a princípio temos um Damian introvertido, com olhar triste, remetendo à piedade, buscando o aval do público para seus atos, quando na verdade sua busca era por vingança, ou seria por oportunidade? 

Isso é algo que a trama faz questão de enfatizar, e gradativamente revelar ao público, que o que vemos em tela não se trata de um combate entre inimigos, mas sim de dois iguais submetidos à oportunidades distintas, detalhe ressaltado pelo figurino, que coloca os personagens de preto e branco, respectivamente, aludindo talvez ao yn-yang, partes diferentes porém que se completam, Adonis é tudo que Damian seria, caso tivesse a mesma “sorte”, e vice-versa, por isso o diálogo após o combate além de tocante é extremamente relevante, e ressalta a amizade acima de toda e qualquer diferença. 

O longa além de toda sua representatividade ainda abre espaço para inclusão, isso graças a introdução da pequena Amara (Mila Davis-Kent), que além de talentosa, carrega essa responsabilidade de abrir espaço para uma parcela da sociedade pouco representada no cinema, e aqui o detalhe é extremamente válido, pois tem contexto narrativo, visto desde o primeiro longa.  

A trilha sonora apesar de suprir as necessidades fica um pouco abaixo das anteriores, mas funciona. A direção de B. Jordan ainda explora o IMAX de forma magnífica, levando o público há um mergulho no ringue e na proporção, através de planos abertos ou mais fechados, que colocam os lutadores frente a frente com o espectador. E dentre ótimos combates vale um adendo ao combate que acontece na mente de Adonis e Damian, um toque admirável da direção que ainda de quebra inclui uma elipse incrível.  

Se esse será o último capítulo da história de Adonis Creed não podemos afirmar, mas caso fosse, seria um encerramento em grande estilo, fazendo jus ao personagem e a toda franquia, empolgante e comovente creed 3 é acima de tudo independente, o que por si so já é suficiente, além disso marca uma ótima entrada de B. Jordan como diretor.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Creed III

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 8,0

Direção: Michael B. Jordan

Elenco: Michael B. Jordan, Tessa Thompson, Jonathan Majors, Wood Harris, Phylicia Rashad, Mila Davis-Kent

Duração: 1h 56m

Roteiro: Ryan Coogler, Keenan Coogler, Zach Baylin

Fotografia: Kramer Morgenthau

Trilha sonora: Joseph Shirley

Ano: 2023