Avatar: O Caminho da Água

Avatar: O Caminho da Água

18 de dezembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Há quem diga que o sucesso estrondoso do primeiro Avatar se deu apenas por sua inovação tecnológica, e sim, não tem como negar que isso levou muitas pessoas aos cinemas. Porém, o longa vai muito além disso e se consolida como uma das obras-primas do cinema, não só por sua inovação tecnológica, mas por seu roteiro bem estruturado e uma direção acima da média. E para ao menos replicar esse feito, somente a mente visionária de seu idealizador, e ainda assim o desafio era enorme.

Então após treze anos James Cameron retorna ao universo de Avatar, com a proposta de inserir mais um ponto de inflexão na história do cinema, e de quebra expandir o mundo de Pandora que o mesmo criou há mais de uma década atrás, respeitando o que foi estabelecido e preparando o caminho para um futuro promissor.

Mas por trás disso o diretor também tem ciência do poder dos personagens que tem em mãos, e assim faz com que o público de aproxime ainda mais dos mesmos, estabelecendo um vínculo íntimo entre personagens e espectador, para que com isso o arco dramático que envolve a família Sully seja funcional, fisgando o público pelo coração, o que garante alguns momentos em que as lágrimas são inevitáveis, tamanho o carinho que tais personagens tem do público.

A breve premissa situa o espectador do hiato que separa as duas produções, apresenta novos personagens e inclui a problemática, uma sequência ágil e encantadora ao mesmo tempo, que embaladas por uma trilha sonora magnífica ficam ainda mais belas, sendo a trilha mais uma vez um dos pontos positivos da produção.

Isso faz com que essa introdução apressada pareça superficial, mas ela traz tudo que o público precisa saber referente a passagem de tempo em Pandora. Assim, a seguir a narrativa desacelera, e dedica o máximo de atenção à cada personagem e nucleo. Zoë Saldaña e Sam Worthington mantém o ótimo trabalho do primeiro longa, indo um pouco além por já estarem familiarizados com seus respectivos personagens, o elenco é numeroso mas cada personagem tem seu momento em que o talento individual se destaca mesmo que em meio à todo aquele CGI, especialmente Kiri (Sigourney Weaver), que dentre os novos integrantes é a que ganha mais atenção, Tsireya (Bailey Bass), brilha do lado da nova tribo, e através dela parte da meticulosidade de Cameron é notada, ao incluir pálpebras extras translúcidas na personagem, detalhe comum em alguns seres aquáticos.

E mais uma vez Cameron consegue apresentar um trabalho incrível, e acima da média, o diretor consegue a proeza de expandir um universo já riquíssimo, e faz isso tudo com uma riqueza de detalhes absurda, transcendendo o primeiro longa e impactando com tamanha complexidade que dedica à sua criação.

Para isso a trama deixa um pouco de lado o ritmo frenético de seu antecessor por alguns momentos, e adota um ritmo quase contemplativo, levando o público a uma imersão única, graças a profundidade de campo ainda mais rica apresentada no longa, levando o público ao êxtase através de uma fotografia belíssima. A trama segue semelhante à de seu antecessor, em questão de simplicidade, porém solida, não tropeça na tentativa de buscar invencionice ou uma complexidade desnecessária, tal complexidade é voltada para o universo, que envolve o longa como um todo

O CGI vai além de tudo antes visto nos cinemas, sendo possível perceber a textura de cada detalhe, o que nos leva à um 3D assustador, no bom sentido, em que para conseguir esse resultado o diretor explora os mais diferentes ângulos, especificamente nos planos mais próximos, tornando cada sequência de ação incrível e única. Mas isso tudo não se compara às sequências aquáticas, seja pela profundidade ou movimentos corporais, tais sequências servirão como lição para os próximos longas que envolvam sequências debaixo d’água.

O longa traz tudo isso em meio à grandiosas sequências de ação, e um arco dramático que envolve família, novas raças e a incrível vida marinha, onde muitas espécies são quase extintas por mero capricho do ser humano, e se antes a ligação entre o povo e a floresta era admirável, aqui tal ligação é tão admirável quanto, entre o povo e a água, o mar e suas criaturas, um vínculo que causa comoção devido às proporções.

O longa ainda conta com momentos que alternam, passando do belo para assustador, em que as sequências aquáticas que deslumbravam passam a ser claustrofóbicas em parte do terceiro ato, deixando o espectador sem fôlego em alguns casos.

Avatar: O Caminho da Água, é uma experiência acima de tudo imersiva, absurdamente rica, que causa deslumbramento e leva o espectador à uma viagem única, em que Cameron mais uma vez proporciona ao público um experiência cinematográfica inovadora e marcante, provando o quão valiosa e insubstituível é a experiência na sala de cinema.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Avatar: O Caminho da Água

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 8,0

Direção: James Camaron

Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Kate Winslet, Cliff Curtis, Joel David Moore, CCH Pounder, Jamie Flatters, Britain Dalton, Trinity Jo-Li Bliss, Jack Champion, Bailey Bass

Duração: 3h 12m

Roteiro: James Cameron, Rick Jaffa, Amanda Silver

Fotografia: Russell Carpenter

Trilha sonora: Simon Franglen

Ano: 2022