Trem-Bala

Trem-Bala

24 de novembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Devido à demanda, no gênero de ação é correto afirmar que, poucos exemplares conseguem o feito de se destacar. Não apenas por trazer um amontoado de sequências de luta que, pouco ou nenhuma emoção causam no espectador, dando a entender que elenco e direção se deixam levar, agindo quase que no automático sem o mínimo de inovação.

E Trem-Bala é tudo, literalmente, menos lugar comum, o longa é ousado e a direção não teme em brincar à beira do absurdo em prol da narrativa, garantindo ao público sequências que transitam entre os gêneros ação e comédia de maneira eficiente, fluida, sem a quebra do ritmo narrativo nem mesmo nos momentos mais importantes da trama.

A premissa frenética segue o embalo do trem, as informações de cada personagem são distribuídas no decorrer da trama afim de manter o espectador conectado, algo que o longa como um todo o faz muito bem, cada detalhe é colocado aqui afim de causar alguma reação no público, seja tensão, empolgação, ou uma gargalhada, esse último sendo o mais recorrente durante o longa.

A fotografia realçada ao extremo alude diretamente ao exagero presente em cada sequência do longa, seja na montagem ágil que colabora com um ritmo narrativo à beira do frenesi, ou com as piadas perfeitamente encaixadas no decorrer dos fatos, criando uma combinação perfeita que fazem as pouco mais de duas horas de duração se tornarem imperceptíveis.

A apresentação de cada personagem é encaixada através de um corte abrupto ligada a um flashback, seguido por um subplot, o que faz com que mesmo com um elenco numeroso e uma narrativa ágil, cada personagem tenha seu momento e peso dramático necessário, trazendo ainda mais dinamismo à narrativa e deixando o espectador quase sem pausa para recuperar o fôlego.

As sequências de luta são extremamente eficientes e bem coreografadas, e assim como os diálogos, carregam um timing cômico afiadíssimo, equilibrando humor e tensão na medida.

São detalhes que, grande parte da responsabilidade está no elenco, Brad Pitt tem um destaque óbvio devido ào protagonismo, porém os gêmeos, Tangerina (Aaron Taylor-Johnson) e Limão (Brian Tyree Henry), também são responsáveis por grande parte dos momentos cômicos do longa, que de quebra ainda conta com algumas pequenas participações especiais hilárias.

Devido à intensão por parte da direção em ignorar qualquer limite, o longa exige uma suspensão da descrença acima da média em vários momentos, algo necessário para tornar a experiência válida, mas é um detalhe muito claro desde o início, então fica fácil mergulhar naquele universo psicodélico e sem limites.

Vale destacar também que a direção é tão eficiente que consegue um feito admirável mesmo em meio ao caos generalizado, no bom sentido, acontece que a trama ainda conta com um ou dois momentos com um peso dramático capaz de comover o público, provando que independente do caminho optado pelo longa, personagens bem desenvolvidos fazem toda a diferença, e somam, tornando o resultado final do longa ainda melhor.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Trem-Bala

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 9,0

Direção: David Leitch

Elenco: Brad Pitt, Joey King, Aaron Taylor-Johnson, Brian Tyree Henry, Andrew Koji, Hiroyuki Sanada, Michael Shannon, Bad Bunny

Duração: 2h 7m

Roteiro: Zak Olkewicz

Fotografia: Jonathan Sela

Trilha sonora: Dominic Lewis

Ano: 2022