Sem Saída
Uma boa ideia nem sempre é seguida por boas decisões, ou uma boa execução. Por vezes um trama simples resulta em algo satisfatório, pois a direção está ciente do que tem em mãos, porém quando o contrário acontece, e um longa tenta extrair algo complexo demais em que é óbvio, o mesmo não é composto por algo minimamente bem elaborado, o resultado é o que temos aqui.
Concebido em uma premissa atraente, e que a princípio sugere uma profundidade mínima em relação ao desenvolvimento da trama, Sem Saída chama a atenção pela simplicidade e a narrativa mais intimista, sendo até um pouco distante do suspense e mais próximo de um drama.
Então a trama caminha bem, a apresentação dos personagens gera tensão suficiente para garantir a atenção do espectador, o diretor Damien Power conduz a trama deixando pistas, algumas óbvias demais, sobre cada personagem, dando a entender uma subversão da expectativa, algo que se mostra um equívoco cometido pelo mesmo.
Então o primeiro tropeço acontece no primeiro ponto de virada do roteiro, as reações suspeitas e caricatas atribuídas a um determinado personagem se revelam verdadeiras, e não um flerte por parte da direção, que fazendo isso acaba abrindo mão do suspense que vinha funcionando até então, em prol do thriller.
Algo que poderia ser aceitável, pois fazia sentido a inversão de gênero em prol da narrativa, porém as decisões que são tomadas a seguir só desmerecem o que vinha sendo construído, e acabam forçando o espectador a acreditar nas facilitações grotescas do roteiro.
Os personagens que antes eram pouco caricatos, passam a ser clichê, e a trama segue o mesmo caminho, com uma sequência de momentos facilitados pelo texto em que qualquer ligação entre espectador e personagem é destruída, pois nada que é visto ali é aceitável, tamanha às proporções não condizentes com a proposta que acontecem sequencialmente.
Isso tudo sem nem citar o segundo plot, esse ainda mais previsível que o primeiro. São detalhes que acabam levando o longa de algo mais verosímil a uma conclusão digna de Michael Myers, onde tudo é possível, o único problema é que não estamos diante de um filme da franquia Halloween.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Sem Saída
Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0
Direção: Damien Power
Elenco: Havana Rose Liu, Danny Ramirez, David Rysdahl, Mila Harris, Dennis Haysbert, Dale Dickey
Duração: 1h 35m
Roteiro: Andrew Barrer, Gabriel Ferrari
Fotografia: Simon Raby
Trilha sonora: Marco Beltrami, Miles Hankins
Ano: 2022