Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

13 de novembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Provavelmente o longa mais sério da marvel nos últimos anos, tendo em vista a necessidade. Muito mais que passar o manto do Pantera Negra para frente, acima de tudo o longa trata de legado, seja do lado dos mocinhos ou dos vilões, e isso traz ao longa além da responsabilidade de suprir a ausência mais que sentida de Chadwick Boseman, e a necessidade de se reestruturar para se manter presente no universo marvel.

O diretor tenta não se sustentar apenas na ausência de Chadwick, algo que impediria o longa de caminhar com as próprias pernas, além de deixar de ser um filme sobre o Pantera Negra. Assim ele inclui logo na introdução uma singela porém tocante homenagem ào eterno Pantera Negra, algo capaz de levar até o espectador mais bruto às lágrimas.

E essa premissa dita o ritmo narrativo que fará parte de toda a trama, comovente e com pouco espaço para brincadeiras, o que reduz drasticamente o alívio cômico do longa, algo que é presença constante nos longas da marvel, aqui estão presentes eventualmente, algo que condiz com a proposta por isso é tão funcional.

Em seguida a narrativa é fragmentada em vários núcleos, onde a principal é de Shuri (Letitia Wright), em sua descoberta pessoal, que se mescla a introdução da coração de ferro, Riri Williams (Dominique Thorne), e por último a mais complexa e detentora de um bom tempo de tela, o vilão Namor (Tenoch Huerta). São detalhes que tornariam as quase três horas de duração necessárias, porém que não se justificam no decorrer da trama, mesmo o vilão necessitando de uma maior atenção a direção não se aprofunda o suficiente em nenhuma das partes.

O que torna Namor talvez o personagem melhor desenvolvido no longa, o diretor dedica o tempo necessário para introdução e apresentação do personagem, sua mitologia e origem, dando sentido à suas atitudes e peso dramático às tais atitudes.

Mas essa é só uma das subtramas do longa, as demais ocupam um tempo desnecessário, basicamente os dois primeiros atos, onde a crise existencial de Shuri se arrasta por grande parte da trama, fazendo a mesma não caminhar, pois empaca nisso em prol de criar toda uma expectativa em torno do grande momento que, quando enfim acontece, não tem o peso dramático necessário, o que deixa claro que a personagem tinha seu lugar perfeito na trama, como coadjuvante.

Uma coisa óbvia a ser sentida era a ausência de Chadwick, porém isso vai além, o longa parece necessitar de um protagonismo o tempo todo, isso faz com que o espectador não saiba a história de quem está presenciando, dando a entender que a trama caminha à deriva, sem um condutor de peso.

E mesmo após churi assumir o manto, falta carisma e empenho para a mesma sustentar o protagonismo, a presença de tela imponente que a personagem pede aqui fica de lado, o que nos leva a outro ponto.

Em paralelo a isso as sequências de ação realmente importantes ficam da metade para frente no longa, até ali a monotonia é inevitável, pois a riqueza de detalhes sobre o incrível povo de wakanda vista no primeiro longa aqui não é mais novidade, e nem marca presença, o povo de Talocan que devia suprir tal necessidade a direção não se aprofunda, se limitando apenas ao vilão propriamente dito.

A batalha final é eficiente, e conta com bons momentos, mesmo pecando na falta de combates aquáticos tendo em vista a origem dos inimigos, e mesmo sendo facilitada em alguns pontos pelo texto a batalha funciona parcialmente.

Wakanda Para Sempre emociona em alguns momentos e empolga em outros, mas é visivelmente arrastado em em boa parte da trama, algo que poderia ser evitado não fossem as absurdas quase três horas de duração, até mesmo a trilha sonora deixa a desejar, ponto forte no longa anterior. Assim o longa funciona mais como uma passagem de bastão medíocre, afim de suprir a ausência de um personagem tão importante quanto o Rei T’Challa.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 5,0

Direção: Ryan Coogler

Elenco: Letitia Wright, Lupita Nyong’o, Danai Gurira, Winston Duke, Angela Bassett, Tenoch Huerta, Dominique Thorne, Florence Kasumba, Michaela Coel, Martin Freeman

Duração: 2h 41m

Roteiro: Ryan Coogler, Joe Robert Cole

Fotografia: Autumn Durald Arkapaw

Trilha sonora: Ludwig Göransson

Ano: 2022