Noites Brutais

Noites Brutais

5 de novembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Um longa que não desperdiça seu tempo de duração, sua introdução à premissa já mergulha o espectador em uma ambientação extremamente sinistra e assustadora, desenvolvendo sua narrativa de maneira gradativa, e aproximando personagens e espectador, do que a princípio parece ser apenas mais um longa de invasão domiciliar.

E mesmo que a princípio o longa pareça ser comum, é proposital, pois ele usa disso para brincar com a expectativa do público, e a direção vai dando a entender que há algo mais além da superfície, fazendo isso de maneira eficiente e colocando o espectador na pele da protagonista que se vê em uma situação incômoda.

O primeiro ato estabelece o vínculo entre os personagens, e logo induz o espectador constantemente a suspeitar do personagem de Bill Skarsgård, mas nada exagerado, a direção é perspicaz ao usar a mente do espectador em prol da construção da narrativa, através de elementos comuns no gênero como o simples gesto de servir uma bebida, no caso um chá. São detalhes que induzem o espectador a suspeitar do personagem, colaborando na construção do plot.

E Bill Skarsgård da vida a um personagem misterioso, com nuances que levam o espectador a se questionar o tempo todo a respeito de seu caráter, e assim como tenta ganhar a confiança de Tess (Georgina Campbell), faz o mesmo com o espectador. Sua relação com Tess apesar de curta tem química suficiente para ser funcional, mas ainda assim a narrativa tensa mantém o espectador na dúvida.

Mas de fato um dos pontos altos de Noites Brutais é realmente a direção de Zach Cregger, a condução sugestiva do diretor leva o espectador através de uma narrativa tensa, pontuada por sequências realmente assustadoras, seja através de planos abertos que revelam muito pouco, pois a fotografia dessaturada e envolta por sombras torna tudo ainda mais misterioso, ou o plano detalhe de uma xícara, sugerindo o risco à protagonista.

E a sequência que marca a virada no roteiro e fim do primeiro ato subverte todas as expectativas, a direção conduz a sequência ao limite da tensão e surpreende com a introdução de uma elipse abrupta, onde a trama salta para outra linha narrativa, e leva o espectador ao desespero por não saber o destino da personagem.

E é através da linha narrativa de AJ que a direção consegue incluir o alívio cômico em meio a tensão máxima, e alternar entre as partes de maneira muito eficiente, causando um riso de desespero no espectador, pois a construção do suspense foi feita de maneira magnífica, situando e espectador do risco iminente a vida do personagem de Justin Long.

A trama se expande à medida que se desenvolve, a direção mantém o nível de suspense constante a todo momento, usando da fotografia sufocante através de uma condução claustrofóbica em meio aos túneis subterrâneos, onde o único ponto de luz é a lanterna dos personagens em meio à escuridão completa, o que torna a primeira aparição da criatura algo incrivelmente assustador.

Que nos leva à outro acerto da direção, ao não expor por completo a criatura que ali habita, criando um aura de mistério e medo em torno da mesma, e mascarando qualquer falha nos efeitos visuais.

O longa até permeia assuntos mais delicados para explicar origem a criatura, assuntos como violência sexual e preconceito, ou o descaso por parte das autoridades, porém não é o foco da produção, que tem todo seu potencial voltado para a construção do terror, que segue embalado por uma trilha sonora incrível que eleva ainda mais os níveis de tensão.

Com uma trama envolvente, misteriosa e incrivelmente assustadora, o longa é composto por algumas sequências capazes de causar o medo real no espectador, seguido por personagens carismáticos que matem o temor pelo seu bem estar constante, tornando o longa como um todo tenso, e genuinamente assustador.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Noites Brutais

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 9,0

Direção: Zach Cregger

Elenco: Georgina Campbell, Bill Skarsgård, Justin Long, Matthew Patrick Davis, Richard Brake

Duração: 1h 42m

Roteiro: Zach Cregger

Fotografia: Zach Kuperstein

Trilha sonora: Anna Drubich

Ano: 2022