Pearl

Pearl

27 de outubro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

O prequel de X (2022), ao situar o espectador sobre a protagonista de ambos, acaba por se distanciar de seu antecessor em alguns pontos. Se X permeava elementos do slasher, Pearl tenta referenciar o cinema clássico, onde tudo é muito bonito e as jovens sonhavam em ser grandes estrelas, assim o longa se serve de elementos também do mundo real da época, deixando o slasher um pouco de lado.

A narrativa é semelhante a de X, a direção usa do primeiro ato para ambientação e apresentação de personagens, porém sob um ritmo mais lento, que por vezes é arrastado quando o longa desprende tempo demais a detalhes supérfluos.

Um dos fatores que podem ter resultado nisso é que aqui o elenco é menor, e o tempo dedicado à eles é um pouco extenso, tornando parte do longa monótono, até porque os demais personagens pouco, ou quase nada, tem a oferecer, restando aos mesmos pequenas participações, com exceção da mãe Ruth (Tandi Wright), que serve como motivadora da jovem Pearl (Mia Goth), um artifício comum no gênero.

Nesse meio tempo o diretor procura construir o suspense a partir da protagonista, incluindo detalhes sobre sua personalidade que aos poucos vai se revelando, como a maldade com os animais, ou alguns breves momentos em que ela perde o controle, revelando sua real identidade.

A homenagem do longa ao cinema de época torna Pearl visualmente belo, seja por transições estilosas ou movimentos de câmera, são detalhes que tornam o longa visualmente atrativo, e que mascaram a falta de conteúdo com certa eficiência, em partes.

Com isso o terror propriamente dito é deixado de lado, permeando eventualmente a narrativa, que tem como objetivo principal apresentar Pearl e o que a levou a se tornar a vilã que vimos em X, e apesar de bem superficial o longa consegue fazê-lo.

E esse é um dos problemas do longa, tentar se sustentar sob uma única personagem, mesmo Mia Goth sendo muito talentosa, e aqui ela prova isso inúmeras vezes, a personagem não é capaz de carregar o longa sozinha, não por incapacidade por parte da atriz e sim pela falta de conteúdo por parte da personagem, que claramente não foi concebida com bagagem para um filme solo.

Assim Pearl é feito de altos e baixos, altos quando Goth precisa brilhar, e baixos quando os demais e fracos personagens são exigidos. Dessa forma Pearl acaba sendo um filme de origem que não tem muito para contar, e o pouco que tem se alonga ao máximo para preencher a trama, mas ainda assim o saldo positivo.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Pearl

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️ / 6,0

Direção: Ti West

Elenco: Mia Goth, Tandi Wright, Alistair Sewell, Amelia Reid

Duração: 1h 43m

Roteiro: Ti West, Mia Goth

Fotografia: Eliot Rockett

Trilha sonora: Tyler Bates, Tim Williams

Ano: 2022