Adão Negro
Que o gênero de heróis está saturado, ou quase, isso é fato. Depois de anos usando da mesma fórmula, seja Marvel ou DC, eles foram deixando de lado elementos essenciais que dão forma e particularidades aos longas, e se renderam ao “copiar e colar”, às vezes umas das outras. Porém a DC era a exceção á regra uma vez ou outra, à exemplo tivemos o maravilhoso “The Batman”, no início do ano, mas como citei, excessões à regra.
Em Adão Negro a direção parece se bastar com um astro do calibre de Dwayne The Rock Johnson e deixa a trama de lado, o roteiro se limitou a combates por vezes até repetitivos deixando de lado detalhes que realmente dão forma ao filme, como bons diálogos e um arco dramático bem desenvolvido.
O longa como um todo é uma tentativa desesperada de ser épico, não que seja um problema, se fosse de maneira natural, mas aqui é forçado demasiadamente, perdendo força a cada momento que a direção entrega mais um combate genérico.
Dwayne Jhonson não é um ator excelente, isso não é novidade, mas é extremamente carismático, algo que garante o sucesso de vários de seus trabalhos, porém aqui o ator está apagado, quase não tem expressão e seu timing cômico foi nulo, o personagem exige uma carga dramática que infelizmente The Rock não foi capaz de transmitir, o que resulta em um Adão Negro sem brilho.
A tentativa de ser grandioso faz do longa um amontoado de acontecimentos onde nenhum tem muita importância ou peso dramático, a introdução atropelada marca o ritmo narrativo do longa, graças a uma montagem confusa, onde trama e personagens são extremamente vazios tornando os mesmo como um todo rasos, e levando o espectador a não se importar com as consequências dos combates ou da ameaça de um vilão que, visualmente impressiona, mas não transmite a imponência necessária ou risco iminente.
A fotografia e os efeitos visuais são eficientes, e garantem um bom espetáculo visual, mas são detalhes superficiais que isoladamente não sustentam o longa, até impressionam, mas acabam sendo um desperdício diante de tantos problemas.
O protagonista é posto à prova desde de sua aparição com obstáculos que nunca estão à sua altura, algo que deveria se limitar a introdução, mas não. Até mesmo quando o combate é com um personagem poderoso, como a ineficiente “Sociedade da Justiça”, falta empenho da direção para tornar os combates atraentes, e não foi por falta de tentativa já que o longa se limita basicamente a isso, contando com algumas pausas para diálogos fracos e alívios cômicos fajutos
Por fim, Adão Negro se conforma em ser mais do mesmo, uma narrativa desenfreada que mal divide seus atos, e resulta em um longa sem identidade, desperdiçando um bom elenco e um personagem promissor. E mais uma vez, o único momento que causa algum sentimento no público é a maldita cena pós créditos.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Adão Negro
Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0
Direção: Jaume Collet-Serra
Elenco: Dwayne Johnson, Aldis Hodge, Pierce Brosnan, Noah Centineo, Sarah Shahi, Quintessa Swindell, Marwan Kenzari, Bodhi Sabongui, Mohammed Amer
Duração: 2h 4m
Roteiro: Adam Sztykiel, Rory Haines, Sohrab Noshirvani
Fotografia: Lawrence Sher
Trilha sonora: Lorne Balfe
Ano: 2022