Vidro

Vidro

20 de outubro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Enfim a tão aguardada conclusão do universo de heróis criado por M. Night Shyamalan, que após o final de Fragmentado (2016), elevou todas as expectativas devido à qualidade dos capítulos um e dois. Porém lidar com a promessa pode ser um tiro no pé, e o diretor acabar se deixando levar pelas emoções.

O longa conta com uma uma premissa razoável, levando o espectador de volta ao universo da franquia, mas nada muito ambicioso, algo que condiz com tudo que foi estabelecido até o momento, porém isso também resulta em uma introdução fraca, um termo que é recorrente durante a trama.

E o diretor se adianta e comete o erro de colocar os protagonistas frente à frente nos primeiros minutos de duração, algo que obviamente seria interrompido em prol da expectativa, e que acaba por iludir o espectador que é deixado na promessa.

E isso é o que permeia grande parte da trama de Vidro, promessa, o longa cria uma emergência para algo que nunca acontece, porém é insinuado inúmeras vezes durante a trama, o embate entre David Dunn (Bruce Willis) e a Besta (James McAvoy), e isso se torna a base narrativa do longa, porém é algo que não tem estrutura para tal, e a trama se torna maçante.

Com isso fica evidente que as duas horas de duração foram muito além do que o longa necessitava, assim o diretor recheia a trama com diálogos desnecessários e eventos repetitivos, afim de preencher uma trama vazia que se tornou maior do que realmente é, deixando de lado a opção minimalista vista nos longas anteriores para abraçar uma grandeza vazia.

Isso faz os dois primeiros atos terem um ritmo arrastado, monótono. Então ciente da capacidade de McAvoy o longa utiliza de um facilitador de roteiro absurdo, as luzes, que se fossem usadas em moderação tudo bem, porém é algo usado a todo momento para um espetáculo vazio, alterar inúmeras vezes a personalidade de Kevin, algo que foi visto no longa anterior e aqui não tem a força necessária para sustentar a trama.

Com isso temos uma narrativa episódica, que não flui como deveria, deixando a desejar como thriller e ação. Então quando o grande momento enfim acontece, é medíocre, não cumpre o que vinha sendo evidenciado por toda a trama, e a direção se perde ao incluir três plot twist no terceiro ato, algo desnecessário e que evidencia um maneirismo do diretor, e sua dependência em subverter as expectativas a qualquer custo.

E o resultado final não é nada além de decepcionante, uma pena, até porque os últimos minutos envolvendo os entes próximos são comoventes, e resultado do único plot funcional da trama, mas há essa altura não suprem o vazio deixado pelo longa como um todo.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Vidro

Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0

Direção: M. Night Shyamalan

Elenco: James McAvoy, Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Anya Taylor-Joy, Sarah Paulson, Spencer Treat Clark, Charlayne Woodard

Duração: 2h 9m

Roteiro: M. Night Shyamalan

Fotografia: Mike Gioulakis

Trilha sonora: West Dylan Thordson

Ano: 2019