O Babadook

O Babadook

20 de outubro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Um acidente que destrói uma família já é traumático o suficiente, porém as sequelas naqueles que ficam podem ser ainda pior, afetando diretamente suas relações. E partindo disso, o longa em questão traz uma viagem dolorosa e assustadora pelo desafio de uma mãe em criar sozinha seu único filho, e os desafios diários.

A trama acompanha a mãe Amelia (Essie Davis), e seu filho Samuel (Noah Wiseman), onde a relação entre os mesmos são a base narrativa, os personagens secundários tem o pouquíssimo espaço, pois a direção volta toda sua atenção aos protagonistas e no desenvolvimento do suspense.

O longa dispensa os clichês do gênero e aposta todas as suas forças no terror psicológico, algo que se encaixa perfeitamente na proposta, pois caso contrário teríamos algo extremamente comum. Então o longa leva o espectador a acompanhar o ponto de vista da protagonista, como um vislumbre do que se passa em sua mente.

Para fazer jus ao gênero a direção inclui alguns elementos óbvios do gênero, então o longa até conta com uma provável entidade, ou quase isso, devido a opção da direção em expor o mínimo possível da mesma, para assim aludir ao terror real que permeia a narrativa e aquela personagem, a maternidade e seus desafios.

Somado a isso Amelia enxerga seu filho como algo ruim, ligando ele ao acidente envolvendo a família, onde o aniversário de Samuel a levava de volta ao acidente onde ela perdera o marido, com isso seu filho passa a ser seu alvo, seu monstro.

Por vezes entidade e personagem se misturam, expondo momentos de surtos da protagonista que se encontra a beira de um ataque de nervos, em seu extremo. O que é simbolizado através da proximidade da entidade para com a mesma, onde o babadook vai ganhando cada vez mais espaço, ocupando inclusive cada canto da casa.

Algo que a direção vai arquitetando aos poucos, e de maneira eficiente transparece todo o incômodo e esgotamento da personagem, refletido através de sequências mais longas quando o filho está a sua procura, e seu único momento de relaxamento, seu sono, a direção inclui basicamente uma rápida elipse que reflete como aquela noite foi curta.

Ou quando a câmera sorrateira se aproxima quando a personagem não olha diretamente, aludindo à algo presente ali, e que aos poucos se aproxima. A fotografia também tem papel importante na ambientação que alude a como a personagem ve o mundo, sua casa envolta por sombras e inúmeros cantos escuros aludindo constantemente a uma possível presença cada vez mais presente, torna o clima tenso por si só.

Presença essa que exposta parcialmente ou não eleva os níveis de tensão ao extremo, seguidos por uma trilha incômoda, chegando ao ápice nos momentos de “possessão”. E diferente da forma conturbada que a trama inicia, o final é brando, dominado pela calmaria, representando o encontro da personagem com sua paz de espírito.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Babadook

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 8,0

Direção: Jennifer Kent

Elenco: Essie Davis, Noah Wiseman, Hayley McElhinney

Duração: 1h 34m

Roteiro: Jennifer Kent

Fotografia: Radek Ladczuk

Trilha sonora: Jed Kurzel

Ano: 2014