Extermínio

Extermínio

20 de outubro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

O tema de zumbis é um dos subgêneros mais usados no terror, onde a grande maioria se limita ao básico e dificilmente se reinventam, como é o caso de Extermínio. O longa subverte as expectativas e se distancia da frenesi, muito comum no gênero, e traz algo mais intimista onde o a ênfase é a natureza humana, e faz isso em meio à ótimas sequências de suspense e ação.

Após a apresentação da origem do vírus, a premissa tem como objetivo principal ambientar o espectador, que assim como o protagonista Jim (Cillian Murphy), desperta em meio a vastidão de uma cidade exilada. Assim o roteiro através de jornais e mensagens nos muros vai situando espectador e personagem do caos que aquela ameaça trouxe, levando o público a moldar tal situação em seu imaginário.

E essa sequência tem um ritmo narrativo mais lento, assim como boa parte da trama, seguidos por uma trilha sonora crescente, e de extrema importância na construção do suspense, e que ao mesmo tempo invoca a emergência que determinada situação pede.

O primeiro contato abrupto com os infectados revela como a direção irá tratar os mesmos, cortes rápidos e sem muito glamour para enfatizar o desespero dos personagens, tornando toda a sequência extremamente eficiente no quesito desespero e medo, pois aqueles monstros surgem das sombras e não hesitam.

Algo que a fotografia dessaturada reflete de maneira quase documental, trazendo um tom mais realista para a narrativa, enfatizando que não existe beleza nem mesmo em Londres, em meio àquela situação de tristeza e desespero.

Os conflitos com infectados são eventuais, pois a ênfase da trama é a relação humana em meio aquela nova, triste e assustadora realidade. O vírus da raiva pode ser o mal dos infectados, porém o sentimento de mesmo nome se espalha quase que na mesma velocidade que o vírus, levando infectados ou não a se destruírem.

Assim para criar contraste o diretor dedica boa parte da trama para o desenvolvimento dos personagens, que graças a uma boa química criam um vínculo imediato com o público, levando a personagem Selena (Naomie Harris), até então fria, a enxergar a única forma de se manter a salvo.

Em paralelo a isso temos a repulsa por parte dos soldados, que refletem a maldade humana, e a falta de empatia em prol do benefício próprio, levando homens antes vistos como heróis pela sociedade a se tornarem os maiores vilões, ficando acima até mesmo dos infectados.

O longa consegue um feito que poucos foram capazes, desenvolver uma trama que permeia o suspense, ação e com uma base narrativa melancólica, também enfatizados por uma boa trilha sonora. Algo que nos leva ao principal temor daqueles personagens, e do ser humano como um todo, o medo da solidão, refletido através de um pesadelo desesperador do protagonista e na luta do trio principal para se manterem unidos.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Extermínio

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 9,0

Direção: Danny Boyle

Elenco: Cillian Murphy, Naomie Harris, Brendan Gleeson, Megan Burns

Duração: 1h 53m

Roteiro: Alex Garland

Fotografia: Anthony Dod Mantle

Trilha sonora: John Murphy

Ano: 2002