Halloween Ends

Halloween Ends

12 de outubro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

O fim de uma era, encerrar ciclos nunca é uma tarefa fácil, nos cinemas então essa dificuldade parece ser duas vezes maior, seja por apelo do público, um sucesso anterior, ou uma grande expectativa em torno de uma franquia. No caso, Halloween se encaixa em todas as opções, especificamente por prometer o encerramento de uma franquia tão longeva, e explorada de todas as formas.

Uma coisa é fato, o diretor David Gordon Green é audacioso, isso é inegável, se propor a dar um fim em uma das maiores franquias do terror não é tarefa fácil, tendo em vista vários remakes e sequências onde nenhuma delas fechou o ciclo, logo tal proposta joga um peso enorme nas costas do diretor.

Então a dúvida sobre a competência do diretor é posta à prova e ele se sai bem, foram dois longas satisfatórios sendo o segundo o maior acerto, superando todas as expectativas e dando vida à uma das melhores versões do bicho-papão desde os primórdios da franquia. Seu Michael Myers é frio, imponente é extremamente letal.

Então a promessa de que Halloween Ends ao menos manteria o nível já era suficiente, porém o que vemos em tela fica um pouco abaixo do que vimos anteriormente, o diretor tenta trazer uma proposta diferente dos longas anteriores, mas a impressão que fica é que o longa não tem conteúdo suficiente para suprir as necessidades do diretor, que tem em mãos um roteiro vago.

A princípio o longa é certeiro, apresenta uma premissa ousada e que foge à regra, pegando até mesmo o espectador mais atento de surpresa, subvertendo as expectativas e indo na contramão do clichê que a sequência aparentemente estava construindo, fazendo um paralelo ao longa de 1978 com o surgimento do mal, ou a criação do mesmo por parte da sociedade. Sociedade essa que insiste em criar seus próprios monstros, sentindo a necessidade de alguém para condenar.

Porém depois disso o diretor se perde em seus devaneios e mergulha o longa na monotonia, e se esquece até mesmo do antagonista, que demora muito para dar as caras em seu capítulo final. E o que temos é um segundo ato que a princípio dava indícios de tratar de ambientação e construção de vínculos, mas que se perde em diálogos fracos que não necessitavam de tamanha atenção desprendida a eles, criando todo um arco sobre consequências para em seguida descarta-lo.

Com isso o onga se arrasta por toda a primeira hora de duração, com uma promessa de legado, onde aparentemente o manto do bicho-papão será passado adiante, uma ideia medíocre e nada inovadora, mas aceitável caso a direção se mantivesse firme diante de tal proposta, mas não acontece.

O personagem Corey (Rohan Campbell), ao lado de Allyson (Andi Matichak), até garantem alguns bons momentos de tensão, mas acontece que esse personagem, Corey, não passa de uma facilitação de roteiro, para preencher uma trama vazia com algumas mortes, tentar justificar as quase duas longas horas de duração, e suprir a ausência de um Michael Myers deixado de lado sem maiores justificativas, a não ser reservar o combate entre os protagonistas para o final do filme.

Em prol disso o diretor dispensa qualquer construção de suspense ou mínimo de tensão, o que temos nesse meio tempo são alguns jump scares aleatórios e uma trama voltada para o drama, que funciona parcialmente, mas seria melhor caso fosse mais enxuta. Um Michael Myers debilitado representa muito bem o longa, que parece se esforçar para chegar ao fim, e guarda seu último suspiro para os minutos finais, deixando a desejar por não fazer jus à proposta dos longas anteriores.

O arco dramático de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e Michael myers é reservado para o terceiro ato, alguns flashbacks garantem o tom nostálgico que acentuam o tão esperado fim. O combate entre os personagens é morno e muito abaixo do merecido, mas ao menos a história é encerrada, e mesmo sem a atenção necessária Laurie pôde enfim ter seu merecido descanso.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Halloween Ends

Avaliação: ⭐️⭐️ / 4,0

Direção: David Gordon Green

Elenco: Jamie Lee Curtis, Andi Matichak, Rohan Campbell, Nick Castle, James Jude Courtney, Will Patton

Duração: 1h 51m

Roteiro: David Gordon Green, Danny McBride, Chris Bernier, Paul Brad Logan

Fotografia: Michael Simmonds

Trilha sonora: John Carpenter

Ano: 2022