Morte. Morte. Morte

Morte. Morte. Morte

11 de outubro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Ao mesmo tempo que é uma sátira do subgênero slasher, o longa também funciona como uma crítica social à nova geração, sempre conectada porém extremamente superficial em suas relações na vida real. Assim à procura ao assassino misterioso, ganha uma nova roupagem nesse terror com toques de comédia.

A premissa remete ao clichê, apresenta um grupo de amigas adolescentes que se reúnem para se divertir, sem muito detalhes sobre os personagens, algo muito comum tendo em vista que tais informações serão acrescentadas no decorrer da trama, ou não, servindo como artifício na construção do suspense, nesse caso a segunda opção foi a escolhida pela direção.

A narrativa segue um ritmo mais calmo, diferente do frenesi da maioria dos longas do gênero, pois aqui a direção se dedica aos diálogos, que são o ponto forte do longa, e em paralelo inclui elementos do terror e constrói a tensão em torno dos personagens.

Com isso o espectador mais sanguinário pode sentir falta de um pouco mais de gore, porém é tudo na medida, o sangue está presente mas sem exageros, trazendo algo mais verosímil. O alívio cômico também marca presença de maneira pontuada, mas muito afiada, cumprindo seu papel, sem exageros para não beirar o ridículo em prol da piada.

Essa opção por menos também reflete na trama, que em alguns momentos parece vazia, e a direção um pouco perdida, incluindo alguns detalhes dispensáveis como alguns diálogos específicos que voltam ao mesmo ponto, ou forçando na suspeita em torno de uma personagem que não resulta em nada.

No elenco temos um trabalho satisfatório de maneira geral, onde apenas o casal Sophie (Amandla Stenberg), e Bee (Maria Bakalova), recebem um pouco mais de atenção, mas nada demais. O longa também usa do acidente para mostrar a fragilidade das relações nos dias de hoje, que diante do primeiro problema se tornam inimigos mortais, no caso literalmente, se desfazem.

A trama também remete a outro clichê do gênero, fazendo espectador e personagens se perguntar quem é o assassino, e nisso a direção é perspicaz ao ludibriar o espectador criando um pequeno conflito inicial, afim de desviar o foco do público até o plot final, e nisso a direção se mostra muito eficiente, tornando o plot válido.

Por fim, o longa prova que diante de tanta superficialidade não é necessário um serial killer, pois a própria natureza humana se encaminha de fazer o trabalho. E com a combinação de um bom timing cômico, somado a um nível controlado de gore o longa consegue se sustentar.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Morte. Morte. Morte

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️

Direção: Halina Reijn

Elenco: Amandla Stenberg, Maria Bakalova, Rachel Sennott, Chase Sui Wonders, Pete Davidson, Myha’la Herrold, Lee Pace

Duração: 1h 34m

Roteiro: Sarah DeLappe, Kristen Roupenian

Fotografia: Jasper Wolf

Trilha sonora: Disasterpeace

Ano: 2022