A Queda
Com uma proposta diferente, A Queda usa o suspense de forma variada e muito eficiente, através da fobia e vertigem. Então o diretor tenta ao máximo se esquivar das proezas da facilitação de roteiro, para entregar algo o mais verosímil possível, dentro daquele universo, e sustentar toda uma trama sob basicamente um único cenário.
A princípio o baixo orçamento pode interferir na conexão do espectador com o longa, algo que fica nítido logo na sequência inicial, mas que no decorrer a direção se esquiva parcialmente, sequência essa que tem como função narrativa introduzir o drama particular da protagonista, e só.
Então após uma introdução básica a direção estabelece o teor dramático do longa que envolve a protagonista Becky (Grace Fulton), que se estende a sua amiga Hunter (Virginia Gardner), de maneira bem superficial. E digo superficial pois a direção deixa para desenvolver o arco dramático das amigas no decorrer da trama, em meio ao caos, e é feliz, pois é o que mantém o espectador conectado às personagens, e esse drama só convence graças a um trabalho satisfatório de Grace, pois o assunto é típico de uma comédia romântica adolescente.
Como havia dito, o baixo orçamento prejudica um pouco o longa, em especial nos momentos em que o chão está em evidência, mas o diretor consegue driblar tais divergências ao ponto de torná-las quase imperceptíveis, e faz isso através de uma montagem eficiente que procura sempre colocar as personagens em destaque, e a altura da torre também colabora pois a direção pode manter o chão desfocado sem medo, já que faz sentido devido à altura.
Então durante a escalada a narrativa é dinâmica, onde em paralelo aos diálogos a direção enfatiza os riscos que correm as personagens, seja uma ferrugem ou um parafuso frouxo, construindo então o suspense à partir daí.
E através disso o longa alterna com planos abertos que mostram a imensidão vazia em que as personagens se encontram, ou em planos aéreos vertiginosos que levam a tensão à altura da torre, algo enfatizado pela sonoplastia, pois qualquer ruído ou vento forte torna tudo ainda mais assustador.
Porém o roteiro básico faz o longa se arrastar em alguns momentos, justamente pela trama não ter a consistência necessária, então o diretor se estende o máximo que pode o que interfere no ritmo narrativo, e que só não é pior graças a química das personagens.
Isso acontece pelo fato do longa não conseguir se esquivar da previsibilidade, como um detalhe que envolve as personagens em comum, o que mesmo após uma virada no roteiro não muda, pois a surpresa momentânea não interfere muito no resultado final.
O longa tem bons momentos de tensão e conta com uma base narrativa mediana, que serve apenas como pano de fundo para o foco principal do longa, os momentos vertiginosos, o que garante a atenção do espectador por boa parte da trama, o que é suficiente.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: A Queda
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️
Direção: Scott Mann
Elenco: Grace Caroline Currey, Virginia Gardner, Mason Gooding, Jeffrey Dean Morgan
Duração: 1h 47m
Roteiro: Jonathan Frank, Scott Mann
Fotografia: MacGregor
Trilha sonora: Tim Despic
Ano: 2022