Sentença de Morte

Sentença de Morte

25 de setembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

O que a princípio parece ser mais um longa de ação mediano, devido sua premissa aparentemente clichê, leva o espectador por caminhos desconhecidos ao ponto de, em determinado momento se questionar, assim como o protagonista, se aquilo é a escolha correta, tudo graças a uma direção corajosa sem receio de ousar.

A trama tem uma premissa básica, porém a maneira crua e intensa como tudo acontece garante a atenção imediata do espectador, tendo em vista a pura maldade dos vilões, e a insignificância que tratam a vida do outro.

A direção através de uma introdução com vídeos caseiros expressa o amor e união daquela família, fortalecendo assim o início do arco dramático do protagonista, e estabelecendo o fator principal da motivação do seu ódio/vingança.

Isso também deixa claro que Nicholas Hume (Kevin Bacon), é apenas um homem comum, o que fica ainda mais evidente em seu primeiro combate, onde para expressar isso a direção conduz uma sequência de luta onde o amadorismo do personagem o faz concluir sua tarefa por acidente, entrando em desespero, e a fotografia banhada em vermelho alude à todo o ódio do personagem.

Isso fica estampado no rosto do personagem, uma mistura de choque com satisfação, algo que Bacon transparece de maneira eficiente graças a um trabalho incrível.

Assim a narrativa segue um ritmo crescente, algo que condiz com o sentimento de fúria do protagonista, que a cada acontecimento se vê tomado por um sentimento que o leva por um caminho sem volta.

Vale destacar uma sequência entre o primeiro e segundo ato onde a direção leva personagem e espectador ao limite, me refiro a sequência do estacionamento, onde a mesma tem início na ruas e segue uma perseguição a pé que parece não ter fim, e como a direção acompanha o personagem de perto com a câmera na mão o desespero do personagem fica ainda mais evidente, ao ponto de perder o fôlego, algo transmitido de maneira genuína para o espectador.

James Wan também aproveita sua experiência com o gore para exibir sequências realmente chocantes, em meio ao tiroteio temos inúmeros corpos dilacerados, o que torna tudo mais real e chocante.

Porém em uma tentativa de trazer um teor mais melancólico ao longa há um certo exagero na dramatização de algumas sequências, algo que se repete várias vezes somados por uma trilha sonora igualmente repetitiva, algo que se ficasse limitado ao primeiro ato faria mais sentido. Outro detalhe que destoa do todo é maneira caricata da gangue de vilões se portar, algo que não colabora para tornar os mesmos temíveis.

Mas isso não tira o mérito das boas sequência de ação, que mesmo com o auxílio do roteiro aqui ou ali ainda são aceitáveis. O longa também evidencia até onde o sentimento de ódio e vingança podem levar um homem, o que a princípio era um “acidente”, pode se tornar sua maldição, pois os desdobramentos só foram possíveis graças as ações de Hume.

E após uma sequência violenta e sangrenta realizada por Hume, que culmina em ambos, “mocinho” e vilão, lado a lado evidenciando uma semelhança gritante entre ambos, é fácil notar quem “venceu” essa disputa.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Sentença de Morte

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️

Direção: James Wan

Elenco: Kevin Bacon, John Goodman, Kelly Preston, Garrett Hedlund, Jordan Garrett, Stuart Lafferty, Aisha Tyler

Duração: 1h 45m

Roteiro: Ian Mackenzie Jeffers

Fotografia: John R. Leonetti

Trilha sonora: Charlie Clouser

Ano: 2007