Olhos Famintos

Olhos Famintos

25 de setembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Baixos orçamentos nem sempre são um problema, em alguns casos força a direção a extrair o máximo de algo simples, e ciente de suas limitações, não buscar ser grandioso ou abusar de efeitos especiais. E Olhos Famintos exemplifica bem isso, o longa pega o básico e faz o máximo que pode.

O longa tem uma premissa simples porém que cumpre seu papel, introduzir o vilão e parcialmente o clima tenso, e faz isso através do que parece apenas um desentendimento no trânsito, mas que se faz suficiente para garantir o clima de desconforto.

A ambientação também favorece, os dois irmãos sozinhos em uma estrada quase deserta os coloca em um estado de vulnerabilidade assustador, tornando qualquer imprevisto em uma situação desesperadora, como um câmbio problemático por exemplo, e são esses detalhes de uma direção eficiente, usando de coisas simples em prol da construção do suspense.

A direção também é astuta ao introduzir gradativamente informações, e a aparência da criatura, começando de maneira superficial, apenas com o caminhão assustador, um desentendimento no trânsito, o que já deixa personagens e espectador em alerta, o que cria uma aura de mistério em torno do mesmo, sempre colocado envolto por sombras ou contra a luz e isso segue de acordo com o passar do dia, para ao anoitecer a fotografia colaborar com a exposição completa da criatura.

Em meio à isso o longa revela o destino das vítimas, afim de expor o risco que os personagens correm, e elevar os níveis de suspense, e toda a sequência da igreja faz isso muito bem, onde a partir daí o longa deixa claro a natureza do seu vilão.

A direção também acerta ao revelar pouco sobre a origem do vilão, expondo apenas o necessário, mesmo que isso seja feito de maneira facilitada, através de uma personagem que serve apenas para preencher essas lacunas é possível aceitar.

Durante a trama é dito que o vilão persegue os personagens para lhes provocar medo, o que torna alguns elementos clichês do gênero válidos, nesse caso, como o vilão caminhar na direção das vítimas, atacar alguém por perto e não eles, são detalhes com sentido narrativo e que nesse caso em específico se encaixam.

Tudo isso colabora para um terceiro ato muito satisfatório, onde o suspense é levado ao máximo e enfim a direção revela o visual completo da criatura, que graças aos efeitos práticos é incrível e realista, e as reações exageradas de Darry (Justin Long), presentes desde o início, fazem todo sentido diante daquilo, e o pavor nos olhos da irmã Trish (Gina Phillips), é tão autêntico quanto, e após acompanhar de perto a luta pela sobrevivência dos irmãos o ato final surpreendente o público e choca ao mesmo tempo.

Assim o longa consegue fazer muito com pouco, se dedicando aos personagens e ao clima de suspense, ganhando o interesse do público através de uma trama envolvente, bem desenvolvida e um vilão misterioso e assustador.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Olhos Famintos

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️

Direção: Victor Salva

Elenco: Gina Philips, Justin Long, Jonathan Breck, Patricia Belcher

Duração: 1h 30m

Roteiro: Victor Salva

Fotografia: Don E. FauntLeRoy

Trilha sonora: Bennett Salvay

Ano: 2001