Fragmentado

Fragmentado

25 de setembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Um longa com uma trama comum, mas que nas mãos do mestre do suspense M. Night Shyamalan se torna muito mais atraente, tudo graças a um detalhe no roteiro que fez toda a diferença no resultado final, as personalidades de Kevin, um único personagem que basicamente sustenta toda a trama.

Algo que claro é mérito do trabalho da mente do diretor e dedicação do astro James McAvoy, que conhecemos através de uma introdução bastante tensa, e que dita o tom narrativo que veremos durante a trama, logo temos um vislumbre de outro destaque do longa, Casey vivida de maneira intensa por Anya Taylor-Joy.

E Shyamalan sabe trabalhar o suspense, assim o desenvolve de maneira gradativa, criando todo um mistério em torno daquela pessoa peculiar que esconde um segredo assustador, temido entre eles.

Em paralelo a isso temos o sequestro das garotas, cujo objetivo desconhecido é revelado aos poucos pela direção, fazendo a tensão entrar em uma crescente, e uma delas tem algo em comum com o vilão, o que cria uma conexão inesperada. Ambos tem traumas do passado, algo que o longa trata como base para a criação das personalidades de Kevin, servindo como um sistema de defesa, mostrando como algo assim pode marcar uma pessoa para sempre, assim como Casey, dando sentido às ações da personagem.

E através das personalidades de Kevin o diretor é astuto para usá-las em prol da narrativa, usando do mesmo personagem para tensão e alívio cômico, mérito do trabalho incrível de James McAvoy que da vida à um personagem complexo, e com nuances milimétricas para compor as divergências entre cada personalidade, e através de planos fechados a direção evidencia isso com maestria.

Ciente do mistério criado em torno da besta, o diretor usa da fotografia para enaltecer a mesma, colocando o personagem entre as sombras ou parcialmente fora de quadro, para chocar através da revelação do visual completo do personagem.

McAvoy é sem dúvidas a melhor coisa do longa, e graças a ele que o resultado final é tão satisfatório, pois caso contrário seria extremamente galhofa, mas para balancear isso temos Anya Taylor-Joy do lado das vítimas, caso contrário a diferença seria gritante e parte da tensão seria perdida.

E para encerrar, um final aberto, e uma sequência incrível de diálogo no espelho, porém a cereja do bolo e o fechamento com chave de ouro, ou melhor, o plot twist de ouro, revela em que universo se passa o longa, o mesmo de Corpo Fechado (2000), um marco na carreira do diretor, tornando Fragmentado ainda mais complexo.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Fragmentado

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: M. Night Shyamalan

Elenco: James McAvoy, Anya Taylor-Joy, Haley Lu Richardson, Jessica Sula, Betty Buckley

Duração: 1h 57m

Roteiro: M. Night Shyamalan

Fotografia: Mike Gioulakis

Trilha sonora: West Dylan Thordson

Ano: 2016