Halloween Kills

Halloween Kills

17 de setembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Halloween kills preenche corretamente as lacunas deixadas por seu antecessor, Halloween (2018), expandindo o universo de sua trama para além do longa de 1978, e abraçando toda a mitologia em torno da lenda de Michael Myers, algo que antes a direção tinha deixado de lado.

Com o propósito de contextualizar, a direção faz uso cirúrgico de flashbacks que remetem diretamente ao eventos ocorridos em 1978, para além definir a base narrativa, tornar o longa acessível e coeso para os novos fãs ou aqueles que estão acompanhando apenas a nova trilogia da franquia, dando sentido aos acontecimentos que veríamos no decorrer da trama.

A sequência inicial da casa em chamas que faz ligação direta com o longa anterior, e uma das melhores do longa, deixando claro o tom que a direção estabeleceu para o longa em questão. A sequência é sangrenta, brutal e a direção é certeira ao alternar entre o plano geral e do ponto de vista dos bombeiros, tornando a sequência um mix de surpresa e estupefação.

O longa além de enaltecer a imagem de Michael Myers (James Jude Courtney), da sentido as histórias a seu respeito, sobre o porque todos temem a noite de halloween e citam com cautela os eventos de 1978, algo que havia ficado muito vago no longa anterior devido à decisões narrativas e a opção em fazer do mesmo quase um remake.

O longa anterior devido à sua trama mais realista mantém sua narrativa dominada pelo suspense, e o faz de maneira eficiente, afim de fazer sentido à sua proposta. Aqui a direção abraça a origem da franquia como um todo, deixando de lado o suspense e se entregando ao slasher com elementos típicos do terror, fazendo jus ao clássico, considerado o primeiro slasher da história do cinema.

Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), é parcialmente deixada de lado aqui, por motivos óbvios, mas também tendo em vista que estamos diante de um longa de legado, faz sentido, pois vemos a maldição dos pais passando para os filhos, o que torna possível a direção trabalhar o subtexto que o longa trata, a alienação. Algo que faz o povo ser movido pelo ódio, de maneira cega e sem o menor preparo, algo que a sequência do parque no carro deixa claro, afim de fazer justiça com as próprias mãos ignorando qualquer lei ou autoridade, o que pode vitimizar inocentes pelo simples fato de estarem no caminho.

Apesar de ser protagonista, nunca antes na franquia Michael Myers teve tamanha atenção, o longa em questão é todo dele e repleto de sequências que provam sua letalidade, justificam sua fama e faz com que o público volte a temer a imagem de Michael Myers, não apenas por sua ausência de sentimentos mas também devido à sua origem sobre-humana, algo retratado em uma sequência magnífica de “ressurreição”, com planos detalhe do rosto do vilão diante de suas vítimas abismadas. Algo referenciado rapidamente pelo roteiro através de um diálogo de Laurie, apenas para reforçar, já que o longa como um todo está ligado a outros longas da franquia que esclarecem o sobrenatural Michael Myers.

Outro detalhe que vale ressaltar é a trilha sonora, envolvendo acordes do clássico mas com uma nova roupagem mas sem nunca perder a essência. Halloween Kills é um tributo à Michael myers, acompanhando o personagem do início ao fim enfatizando o rastro de sangue que o mesmo deixa por onde passa, fazendo jus à lenda do bicho-papão e a origem slasher da franquia.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Halloween Kills

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: David Gordon Green

Elenco: Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, James Jude Courtney, Anthony Michael Hall, Will Patton

Duração: 1h 45m

Roteiro: David Gordon Green, Scott Teems, Danny McBride

Fotografia: Michael Simmonds

Trilha sonora: Daniel A. Davies, John Carpenter

Ano: 2021