It – A Coisa

It – A Coisa

15 de setembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Com duas das vertentes mais complicadas em um longa de terror, It tem êxito em ambas. Uma delas é adaptar de maneira eficiente uma obra em um longa de mais de duas horas, e de quebra baseada em algo de Stephen King, o mestre do gênero, outra é apresentar um longa com um elenco numeroso onde os personagens não fossem genéricos ou rasos, a ponto de não causar sentimento algum no espectador.

Com uma das premissas mais chocantes do gênero, tendo início em uma sequência onde o diretor brinca com o espectador com o auxílio da fotografia, sugerindo uma presença antecipada do palhaço dançarino em meio à cantos escuros e formas assustadoras, a subversão da expectativa se da também na conclusão da sequência, onde o pequeno Georgie (Jackson Robert Scott), tem seu braço arrancado, chocando até o mais corajoso dentre os espectadores.

A ambientação de Derry remete diretamente aos anos oitenta logo a vulnerabilidade de seus habitantes, cidadãos tranquilos em uma cidade pacata, aparentemente.

A direção trabalha de maneira extremamente eficiente na construção do suspense, que tem início no primeiro contando de Pennywise (Bill Skarsgård), com os garotos, através do medo dos mesmos, em sequências que elevam a tensão quase ao ápice, se guardando para o grande momento e preparando o espectador para o mesmo

O elenco apesar de numeroso funciona de modo afiadíssimo, algo que preocupou o público desde o anúncio, mas a química entre os garotos é incrível e remete diretamente a amizade que o longa sugere que existe entre os personagens.

A direção dedica o tempo necessário para cada personagem, afim de criar um vínculo imediato com o espectador, e o carisma dos mesmos torna isso ainda mais fácil, usando de maneira extremamente eficiente as mais de duas horas de duração sem quebrar o ritmo narrativo, predominantemente tenso a todo momento, seja por Pennywise ou por conflitos entre os garotos.

A construção do suspense faz a narrativa entrar em uma crescente nos níveis de tensão, culminando na aparição “por completo” de Pennywise que até então ficara parcialmente oculto, seja pelas sombras ou pela montagem.

Apesar de contar com momentos de tensão a níveis altíssimos, o longa também se dedica ao alívio cômico em momentos oportunos, algo que funciona como um pit-stop para o espectador respirar, e se recuperar para outra sequência de arrepiar os cabelos.

A trama ainda mostra a importância da amizade, a união, não apenas contra Pennywise mas especialmente dos problemas particulares de cada um, seja o assédio do pai de Beverly (Sophia Lillis), ou o preconceito sofrido por Mike (Chosen Jacobs), traumas que eles só superam quando não se veem sozinhos e sim prontos para por um fim naquilo.

O longa é repleto de momentos grandiosos, mas o destaque é sem dúvidas Bill Skarsgård, o ator da vida à um pennywise admirável e assustador ao mesmo tempo, com um exímio trabalho corporal e facial, mesmo por baixo de toda aquela maquiagem, algo realmente incrível, o que tornou seu Pennywise um ícone imediato para os amantes do gênero e colaborou em grande parte para o sucesso e qualidade do longa.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: It – A Coisa

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: Andy Muschietti

Elenco: Jaeden Martell, Jeremy Ray Taylor, Sophia Lillis, Finn Wolfhard, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer, Wyatt Oleff, Bill Skarsgård

Duração: 2h 15m

Roteiro: Chase Palmer, Cary Joji Fukunaga, Gary Dauberman

Fotografia: Chung-hoon Chung

Trilha sonora: Benjamin Wallfisch

Ano: 2017