Halloween: A Noite do Terror

Halloween: A Noite do Terror

15 de setembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

De personagens genéricos à assassinos rasos, no decorrer dos anos o gênero de terror foi se desgastando a tal ponto que nada mais surpreendia, pelo contrário, cada ação dos personagens era previsível, o que forçava a direção a apelar para os famigerados jump scares para ao menos fazer o espectador saltar da cadeia.

Então em 1978 John Carpenter lançava o que viria a ser uma das sagas de maior sucesso do gênero, Halloween. Envolvendo um assassino mascarado que escolhia a noite perfeita para cometer seus crimes, a noite de Halloween, uma ótima ideia da direção para tornar possível o personagem estudar suas vítimas durante o dia sem gerar suspeita, e mantendo sua identidade em sigilo.

O longa de Carpenter já se mostra diferente a partir de sua premissa, onde através de uma sequência a câmera passeia à espreita em torno da casa, para em seguida ser colocada em primeira pessoa para iludir o espectador sobre quem está por trás da máscara, e chocar à todos ao revelar um Michael Myers de apenas seis anos, cometendo aquele que seria o primeiro de muitos crimes e expondo natureza do vilão.

Carpenter não tem pressa, desenvolve a trama em detalhes, com isso temos uma narrativa mais lenta porém constantemente tensa, porque a direção trabalha no imaginário do espectador, colocando Myers sempre à espreita com sua respiração ofegante, criando um ambiente em que o personagem pode atacar a qualquer momento. Ciente disso a direção brinca com o espectador colocando os personagens em situações de possíveis riscos, para assim surpreender com um atraque abrupto e fatal.

O longa se preocupa com detalhes, ambientando o espectador em cada ponto daquelas ruas onde logo mais será cenário dos ataques do assassino. O diretor acerta em ocultar o rosto do personagem, até mesmo a máscara, pelo maior tempo possível, para assim criar o suspense em torno do mesmo, deixando espaço apenas para sua respiração sinistra.

E todo esse suspense é criado de maneira genial, seja através do medo das crianças, do bicho-papão, ou nos diálogos dos adultos sobre as façanhas do personagem, criando a partir dali o mito em torno do nome Michael Myers e expondo ao espectador antecipadamente detalhes sobre a natureza vil do personagem e tudo que ele é capaz, tornando impossível saber onde termina a lenda e começa o homem.

Assim como Michael, Laurie Strode também é bem desenvolvida, talvez não com tantos detalhes, mas fica claro se tratar de uma garota estudiosa e sonhadora, o típico perfil que gera empatia no espectador, torcendo para que nada de ruim aconteça com ela. E a partir disso a cada momento a direção cria a expectativa do encontro entre protagonista e antagonista, incluindo paralelos incríveis dos personagens, em especial sob luz e escuridão.

Por fim, após o embate Laurie escapa, se tornando a única com esse feito e criando a partir daí a obsessão de Michael para com ela, algo que nunca mais a deixaria em paz. E finalizando o desenvolvimento perfeito do personagem, após o combate com Laurie e em seguida o policial, o longa encerra com o maior plot, deixando a dúvida, qual a natureza do personagem, real ou sobrenatural? E partir disso, a lenda ganha vida.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Halloween: A Noite do Terror

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: John Carpenter

Elenco: Jamie Lee Curtis, Donald Pleasence, Tony Moran, Kyle Richards

Duração: 1h 31m

Roteiro: John Carpenter, Debra Hill

Fotografia: Dean Cundey

Trilha sonora: John Carpenter

Ano: 1978