Cloverfield Monstro

Cloverfield Monstro

15 de setembro de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Um dos longas a utilizar o formato found footage da maneira mais coerente e realista possível. Através de um tema que atrai inúmeros espectadores, o filme catástrofe, a direção nos apresenta a um grupo de amigos que em pouco tempo terão sua realidade alterada drasticamente, e levando o espectador junto, bem de perto.

O longa prova que pouco tempo de duração não significa nada, quando temos um roteiro bem desenvolvido, que sabe o que quer, a direção tem o que precisa para fazer a trama caminhar e usa disso para dar a narrativa um ritmo acelerado e de constante tensão, tensão essa que a partir do momento em que a invasão acontece, entra em uma crescente e uma sucessão de acontecimentos surpreendentes.

Ciente disso, o diretor Matt Reaves utiliza da edição amadora das filmagens do grupo de amigos para situar o espectador da realidade dos personagens, uma viagem, o fim de um romance e uma festa de despedida, sendo o relacionamento de Robert (Michael Stahl-David) e Beth (Odette Annable) o principal condutor da trama.

Um dos erros mais comuns quando um longa opta pelo formato found footage é falta de coerência em porque determinado personagem carrega uma câmera, aqui o diretor encaixa perfeitamente não apenas isso, como utiliza de maneira única elementos incluídos no universo diegético em prol da narrativa, como falhas na gravação para incluir elipses, ou criar suspense em torno de alguma sequência ocultando parcialmente o quadro.

Uma das sequências mais chocantes e bem desenvolvidas do longa, me refiro a sequência nos túneis do metrô, a direção também utiliza de maneira inteligente de elementos incluídos na diegese para construir o suspense, mantendo a câmera apontada para a escuridão completa e alongando a cena até o momento exato para o susto, revelado através da visão noturna da câmera.

Todo o caos gerado pela invasão deixa a cidade em colapso, e toda emergência que a trama pede é alcançada através da agitação e desespero dos personagens que com a câmera na mão, trêmula e agitada, que incluem pequenos cortes abruptos a todo momento, aludindo à reação de qualquer ser humano normal, “não olhe, apenas corra!.”

A ausência de uma trilha sonora abre espaço para mais uma vez, sons daquele universo, que causam tensão por si só, seja durante o corre-corre, tiros e explosões, ou até mesmo no silêncio completo onde o que toma conta é a tensão.

O longa apesar de lançado em 2008, alude claramente a geração atual, onde tudo precisa ser gravado/postado, e a busca pelo vídeo/foto perfeita pode custar caro demais, como o triste fim de Hudson (T.J Miller). Por fim, a direção usa da gravação de vídeo dos personagens para através da montagem aludir à história de amor de Robert e Beth, que não queriam se separar e as circunstâncias os obriga a ficarem juntos e se reaproximarem, finalizando com a gravação de Beth dizendo que teve um bom dia, pois independente dos acontecimentos eles ficaram juntos.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Cloverfield Monstro

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: Matt Reeves

Elenco: Michael Stahl-David, T. J. Miller, Jessica Lucas, Odette Yustman, Lizzy Caplan, Mike Vogel

Duração: 1h 25m

Roteiro: Drew Goddard

Fotografia: Michael Bonvillain

Trilha sonora: Michael Giacchino

Ano: 2008