Órfã 2: A Origem
Antes de tudo, para que A Órfã 2 seja levado minimamente a sério é preciso que o público releve alguns fatores, por mais gritantes que sejam. Sendo o principal deles a aparência de Esther (Fuhrmann), onde a única semelhança da personagem com uma criança é na estatura, pois a opção da direção em não utilizar efeitos visuais no rosto da atriz, interferiu, e muito, no resultado final.
Com isso, a impressão que fica é que os pais estão acompanhados por uma anã e não uma criança, como o longa tenta passar. Ciente disso a direção até tenta levar isso para dentro da trama, onde em alguns momentos o longa leva a sério o fato de Esther passar despedida, outros não, tornando o longa inconsistente. A premissa com potencial porém mal desenvolvida, já diz muito sobre o longa, a direção preguiçosa utiliza dos artifícios mais fracos para a fuga da personagem, sendo tudo fácil demais.
Se tratando de um filme de origem, o mínimo que se espera é uma trama envolvente e que se aprofunde no desenvolvimento do personagem, porém a história de Esther continua vaga, o longa se limita a basear sua trama apenas em comentários do primeiro longa, funcionando apenas para provar o nível de periculosidade da protagonista.
A escolha da direção por uma fotografia dessaturada e esfumaçada em alguns momentos, só reflete o desespero em ocultar as falhas nos efeitos visuais, quando necessário. A trama se mantém o mais superficial possível, e tudo é resolvido da maneira mais fácil e rápida tornando tudo irrelevante, até mesmo quando os papéis se “invertem”, o risco não é real, pois o longa não tem artifícios suficientes para levar o espectador para o lado da protagonista.
Até mesmo alguns detalhes que antes ficavam a mercê da percepção do espectador, aqui são repetidos várias vezes, como o sotaque da protagonista, antes um detalhe nas entrelinhas, aqui, desperdiçado e escancarado. Isabelle Fuhrmann se esforça para dar vida a personagem de sua vida, porém não funciona como antes, muito devido à aparência que não condiz com os atos.
Afim de apelar para o carinho do espectador com o longa anterior, a direção tenta a todo momento fazer ligação entre ambos, porém sem o menor sentido narrativo, se ao menos ele o fizesse como referência em um ou outro momento funcionaria melhor, porém é uma tentativa desesperada de fazem uma ligação entre os longas para fazer valer a sequência, mais uma vez sendo repetitivo, dessa vez na trilha sonora.
Com exceção da premissa, a trama segue algo muito próximo do primeiro longa, até a necessidade de incluir um plot twist parece obrigatória, porém aqui não tem o peso dramático necessário devido à todas as conveniências de roteiro que levaram ao mesmo, as facilitações do texto acabam por tirar o peso das ações dos personagens e da revelação.
Para tentar ser maior que o primeiro a direção inclui mais sangue, apesar de não conter muitas sequências que necessitem, porém quando necessário o fazem, afim de criar uma aura violenta em torno da personagem e jorrar sangue sobre a mesma, com o mero intuito de ser visualmente chocante.
Apesar da curta duração, o longa se arrasta por alguns momentos devido a um roteiro fraco e personagens superficiais, fazendo a direção alongar ao máximo o pouco que tem, como interações da protagonista com os demais personagens, algo visto no primeiro longa, e diálogos fracos.
Se no longa anterior a força estava no terceiro ato, aqui isso não acontece, a resolução é facilitada como todo o longa, onde nada demais é apresentado, apenas uma “batalha final”, que se resolve em uma sequência que apesar de conter algo trágico, não causa qualquer reação do público devido à forma superficial de como tudo foi acontecendo, o vínculo inexistente entre personagem e espectador colabora para a falta de importância com o destino dos mesmos, e a sequência final chocante buscada pelo longa se limita ao mero espetáculo visual.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Órfã 2: A Origem
Avaliação: ⭐️⭐️
Direção: William Brent Bell
Elenco: Isabelle Fuhrman, Julia Stiles, Rossif Sutherland, Matthew Finlan
Duração: 1h 39m
Roteiro: David Coggeshall, David Leslie Johnson-McGoldrick, Alex Mace
Fotografia: Karim Hussain
Trilha sonora: Brett Detar
Ano: 2022