Gêmeo Maligno

Gêmeo Maligno

23 de agosto de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Existem longas que tem como objetivo principal iludir o espectador, e no gênero de terror isso é um artifício clichê, e usado inúmeras vezes. E Gêmeo Maligno até tenta se esquivar disso, ao menos em sua premissa, mas no desenrolar dos fatos a direção tropeça algumas vezes e acaba se rendendo à mesmice.

Como citado anteriormente, em sua proposta o longa da indícios que irá seguir um caminho menos óbvio, a direção é certeira em alguns momentos, e a narrativa segue um ritmo agradável, se atentando à trama e a construção do suspense e mistério em torno da família de Rachel (Palmer).

Até boa parte do segundo ato o longa permeia o terror psicológico, e por mais que se estenda demais em alguns momentos, seguia eficiente, mas quando a direção abandona uma trama simples, porém com potencial, para abraçar uma complexidade que não condiz com a proposta, é quando a qualidade cai e o longa se perde em sua própria trama.

Acontece que, em determinado momento a direção abana a narrativa mais sugestiva que vinha seguindo, e sendo construída de maneira eficiente, até então, para abraçar o clichê e o ridículo, tamanha a insensatez da direção em alguns momentos.

Não satisfeito com isso o longa se divide seguindo vários caminhos, ramificando a narrativa e tornando a mesma fragmentada, culminando em uma trama confusa, algo bem distante da complexidade buscada pela direção, com isso faz com que o longa não se aprofunde, pois não tem um caminho estabelecido para se desenvolver tornando o longa como um todo, superficial.

O que desperdiça também o arco dramático da personagem de Teresa Palmer, que até convence como uma mãe de luto, base narrativa abandonada pela direção ainda no segundo ato, abrindo mão de todo potencial que vinha sendo construído da mãe que sofre o luto pela perda do filho, o que a deixa em um estado de depressão profunda.

Ao invés disso a direção prefere se entregar aos clichês do gênero, iludindo o espectador através de sonhos, ilusões e insinuando até mesmo possessão demoníaca. E por fim em mais uma tentativa de ser grandioso encaixa um plot twist que ignora todo esse emaranhado de linhas narrativas, mas depois de tudo que o longa tenta ser o plot não tem o efeito desejado, gerando apenas indiferença.

Gêmeo maligno prova que quando um longa não sabe o que quer e tenta ser mais do que propõe, fracassa em todos os sentidos, culminando em uma obra sem identidade, que não funciona como suspense ou terror psicológico, que era o intuito, e que ao final o sentimento que fica é de indiferença diante de tamanha mediocridade.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Gêmeo Maligno

Avaliação: ⭐️⭐️

Direção: Taneli Mustonen

Elenco: Teresa Palmer, Steven Cree, Tristan Ruggeri

Duração: 1h 49m

Roteiro: Aleksi Hyvärinen, Taneli Mustonen

Fotografia: Daniel Lindholm

Trilha sonora: Panu Aaltio

Ano: 2022