Elvis

Elvis

9 de agosto de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

A vida de uma celebridade como Elvis Presley, teria inúmeras maneiras de contar sua história em uma cinebiografia, e o diretor Baz Luhrmann opta pela agilidade, para representar a agitação que permeava a vida do astro, com isso temos um resultado incrível e que foge ao convencional, que geralmente consistem em narrativas calcadas no melodrama.

A premissa é objetiva, e da uma leve pincelada na infância do astro, afim de focar apenas no que o motivou e guiou seu estilo, a black music, e explicar também a fonte da maioria dos desafios enfrentados pelo personagem, detalhes discutidos no decorrer da trama.

O ritmo narrativo é ágil, e conta com uma montagem dinâmica e estilosa, algo que alude diretamente à vida de Elvis, que basicamente não parava, e o longa segue esse ritmo de maneira quase ininterrupta, algo que transmite ao espectador todo o desgaste físico e metal que cai sobre o personagem, o levando a apelar para substâncias que o mantinham “ligado”.

É admirável a perspicácia do diretor em alternar entre diálogos e músicas, onde em alguns momentos um parece puxar o outro, ou então alertar de que determinado diálogo não terá um resultado agradável, e tudo isso ocorre de maneira fluida, de modo que não interrompa a imersão do espectador. Com isso temos paralelos entre momentos que são “narrados” através das canções do rei que são admiráveis,

A trilha sonora além de contar com as canções memoráveis do rei do rock, também contam com toques instrumentais que fazem do longa um grande espetáculo musical além de visual, garantindo que o mesmo tenha o mínimo de momentos possível em silêncio ou com ausência de músicas, e o resultado faz do longa quase um musical.

Os únicos momentos em que o silêncio permeia a narrativa e desacelera o ritmo do longa, são nas sequências que pedem um teor mais dramático, algo que serve para transmitir ao espectador o peso daquele momento, como a morte de alguém, ou a exaustão por parte do protagonista.

O elenco é numeroso, mas a direção procura se aprofundar apenas na relação entre Elvis (Austin Butler) e o Coronel Tom Parker (Tom Hanks), personagens que movem a trama, juntamente com a relação entre os mesmos. E a performance de ambos também fazem a diferença, com destaque para Butler, que da vida a um Elvis incrível, sua performance corporal e vocal é absurda, seja no palco ou fora dele, tornando possível enxergar em alguns momentos o verdadeiro rei do rock em tela.

A direção tenta não se aprofundar em assuntos mais delicados que fizeram parte da história do rei, como política, preconceito ou homofobia, porém faz questão de pontuar, para deixar claro que até mesmo um astro do calibre de Elvis Presley era alvo daqueles que se julgavam acima do bem e do mal, forçando o astro a lutar por sua identidade.

A direção procura ilustrar a ascensão e queda do rei, da maneira mais eficiente e alegre possível, se mantendo distante do melodrama, com exceção dos momentos propícios onde se faz necessário. Passeando pela sua incrível e interrompida trajetória, e a narração em terceira pessoa do principal causador do seu trágico fim pode soar estranho, porém da sentido à narrativa, como a voz sempre presente na cabeça e nas decisões de Elvis, atuando com um terrorismo psicológico.

Elvis de Baz Luhrmann é acima de tudo o longa que Elvis Presley merecia, se fazendo assim como o rei, acima da média, e a maneira como a direção monta a narrativa faz o longa de duas horas e meia de duração, passar sem que o espectador sinta o pesar do tempo, tamanha a imersão proporcionada pelo longa, e o espetáculo que o mesmo se faz.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Elvis

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: Baz Luhrmann

Elenco: Austin Butler, Tom Hanks, Olivia DeJonge

Duração: 2h 39m

Roteiro: Baz Luhrmann, Sam Bromell, Craig Pearce, Jeremy Doner

Fotografia: Mandy Walker

Trilha sonora: Elliott Wheeler

Ano: 2022