X: A Marca da Morte
Um slasher como deve ser. X – A Marca da Morte, segue à risca sua proposta, fazendo isso de maneira muito eficiente, trazendo em sua trama elementos do terror slasher clássico, e homenagens aos longas que moldaram o gênero. Com isso o longa traz em uma narrativa por vezes mais lenta, porém dinâmica, uma tensão crescente distribuída de forma gradativa.
Afim de captar o espectador pelo gore e curiosidade, o longa tem em sua introdução os eventos finais da trama, um amontoado de corpos, algo que instiga o espectador a saber o que houve, logo, quem são as vítimas daquele massacre, e quais os motivos para tais acontecimentos.
Desde a premissa, há elementos na trama que referenciam diretamente o clássico, O Massacre da Serra Elétrica (1974), de elementos que vão da ambientação, ao grupo de personagens e sua forma de viajar, uma van, o que já torna tudo convidativo para os amantes do gênero, pois a direção é minuciosa em cada detalhe.
Mantendo o nível, a direção também é perspicaz ao dedicar tempo suficiente a apresentação dos personagens, e o mistério em torno do casal de idosos, que propositalmente não conta com muitos detalhes, apenas o suficiente para estabelecer o risco iminente ao grupo de amigos e instaurar o suspense.
Através desse mistério a direção trabalha o nível de tensão, que à partir do momento que é incluído na trama segue uma crescente, se mantendo em uma constante até os minutos finais, abrindo espaço apenas para o gore, elemento usado sem receio, algo possível graças a censura para maiores de dezoito anos.
O longa faz paralelos constantes entre o grupo de amigos e o casal de idosos, o que remete diretamente a base narrativa, o conservadorismo, refletido desde os diálogos até as atitudes do casal, que condena seus inquilinos por seus atos promíscuos e se veem no direito de dar cabo a vida dos mesmos, algo “aceitável” de um ponto de vista deturpado sobre “certo e errado”.
Outro paralelo é a pregação na tv, que funciona quase como uma narração em terceira pessoa, condenado aquele grupo por seus atos, são detalhes as vezes sutis outras vezes nem tanto, provando a origem da alienação do casal de idosos. No elenco temos algo mediano, onde apenas Maxine (Mia Goth), se sobressai a um desenvolvimento parcial, os demais se sustentam graças ao carisma, ao fim descobrimos o motivo da atenção especial a Maxine. Talvez um dos erros do longa seja a pouca atenção dedicada à personagem de Jenna Ortega, um talento em ascensão.
Contando também por vezes com metalinguagem, o longa brinca com o espectador, antecipando eventos porvir, como um ponto de virada na trama, através de um diálogo despretensioso seguido por algo chocante nos minutos subsequentes.
O longa se propõe a ser um slasher, e é feliz no resultado, homenageia o gênero porém foge à regra quando necessário, deixando de lado as perseguições clichês e partindo para uma letalidade violenta e abrupta, sem esquecer é claro o sangue, gore e as piadas infames.
A direção de Ti west é certeira, usando da fotografia escura para envolver o casal pelas sombras, criando assim um temor iminente sobre o que esperar dos mesmos. A fotografia também tem papel importante para enaltecer o momento de insanidade da idosa, onde o vermelho sangue explode em tela, referenciando diretamente A Morte do Demônio (2013).
O ato final pode soar morno, justamente por não contar com algo grandioso como uma batalha final, se limitando apenas a um plot que traz ainda mais sentido à “narração” constante, se livrando de qualquer pretensão de ser profundo ou reflexivo, afinal, parafraseando um dos personagens, “This is a fucking horror movie!”.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: X: A Marca da Morte
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
Direção: Ti West
Elenco: Mia Goth, Jenna Ortega, Brittany Snow, Kid Cudi, Martin Henderson, Owen campbell
Duração: 1h 45m
Roteiro: Ti West
Fotografia: Eliot Rockett
Trilha sonora: Tyler Bates, Chelsea Wolfe
Ano: 2022