Agente Oculto
Os irmãos Russo basicamente fizeram seus nomes no gênero de ação, porém nem sempre é possível manter o alto nível como fizeram em “Soldado Invernal (2014)”, quando a trama envolve super heróis eles sabem exatamente o que fazer, agora quando algo mais verosímil é exigido, eles tendem a se perder um pouco.
Com uma premissa atropelada, Agente Oculto apresenta seu protagonista, seguida por um salto temporal exagerado e sem sentido, pois nada é acrescentado a não ser uma relação forçada entre dois personagens, e fatos sem sentido será algo recorrente no decorrer do longa.
A introdução conta também com um sequência mediana de luta corpo a corpo no início do primeiro ato, supondo que veremos isso de maneira frequente durante o longa, mas não acontece, após isso temos uma narrativa que se estende através de diálogos que não levam a nada, servindo apenas como ponte entre as sequências de ação.
A narrativa só não é arrastada ao ponto de causar tédio graças ao carisma do elenco, que com um timing cômico afiado garantem boas risadas, em especial Chris Evans, que da vida a um personagem propositalmente caricato afim de soar cômico, e funciona muito bem.
Em contraponto temos o “chefe” Denny (Regé-Jean Page), que tinha como objetivo principal transmitir risco aos protagonistas, mas com seus ataques de fúria exagerados o único sentimento que o personagem transmite é vergonha alheia, destoando completamente do perfil do mesmo. Ryan Gosling se garante como protagonista, o ator tem tudo que o personagem precisa, então basicamente ele se mantém em sua zona de conforto e o resultado é satisfatório, ao lado de Ana de Armas que vive algo parecido, sem grandes desafios.
A trama conta com inúmeros saltos temporais e alternância de cenários, que aparentemente só estão ali para os irmãos Russo incluirem seus letreiros no centro da tela, um maneirismo adquirido na marvel, porém esses saltos frequentes tornam a narrativa confusa ao invés de trazer dinamismo. Na tentativa de trazer peso dramático ao arco narrativo do protagonista, o longa inclui um flashback preguiçoso durante a trama, para estabelecer uma relação até então inexistente.
As sequências de ação, principal ponto positivo do longa, são boas quando são “práticas”, as lutas corpo a corpo agradam muito, mas quando é exigido o uso de efeitos visuais com o intuito de tornar tudo grandioso, o resultado é fraquíssimo, é onde entra a montagem que em uma tentativa de mascarar o resultado torna algumas sequências incompreensíveis, ou problemáticas, como a sequência do pára-quedas.
Acostumados a lidar com heróis os diretores pesam a mão em momentos específicos, como proezas que fogem a capacidade humana, e mesmo se tratando de um filme de ação é preciso ter o mínimo de sensatez, afim de trazer um pouco de verossimilhança para as sequências, e dar risco as ações dos personagens.
O que temos em Agente Oculto é algo mediano, no sentido mais puro da palavra, o objetivo dos diretores é o espetáculo visual, logo, a trama é extremamente básica, secundária e repleta de diálogos fracos. Os diretores ainda tentam incluir um plot twist com o intuito de surpreender, mas o que conseguem é alongar um final tão medíocre quanto todo o longa.
Crítica por: Filipe R. Bichoff
Título: Agente Oculto
Avaliação: ⭐️⭐️
Direção: Joe Russo, Anthony Russo
Elenco: Ryan Gosling, Chris Evans, Ana de Armas
Duração: 2h 2m
Roteiro: Joe Russo, Christopher Markus, Stephen McFeely
Fotografia: Stephen F. Windon
Trilha sonora: Henry Jackman
Ano: 2022