Thor: Amor e Trovão

Thor: Amor e Trovão

10 de julho de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Tudo que é demais cansa, ou melhor, tudo que é usado em excesso cansa, e o novo Thor exemplifica bem isso. O que começou equilibrado no comando de Taika Waititi em Ragnarok, aqui se perde, e por incrível que pareça, dessa vez não aparenta ser por limitações de estúdio ou do comando de Kevin Feige, e sim por exageros do próprio diretor com a velha tentativa de ser mais e maior.

A premissa já diz tudo que podemos esperar, o longa tem início com a apresentação fraca do vilão Gorr, vivido por Christian Bale, que a princípio soa um tanto caricato, onde presume-se que para contrastar com personalidade vilanesca que viria a seguir, mas não é o que acontece.

A trama até tem potencial, mas a maneira como a direção constrói a narrativa tira o brilho de qualquer momento, pois nenhuma sequência tem o tempo necessário para se concluir de maneira solida.

Seja em momentos que o longa exige um teor dramático maior, ou nos momentos de ação, ambos pautados por piadas fracas e que não se encaixam, justamente por serem inseridas em momentos que pediam nem que fossem alguns minutos de seriedade, mas não acontece.

Os flashbacks, que nada mais são que muletas usadas pela direção para tapar as falhas no roteiro, além de quebrarem o ritmo narrativo para incluir uma sequência tosca sobre determinado acontecimento, sequências essas que conseguem ser tão superficiais quanto a participação medíocre dos Guardiões da Galáxia.

Isso tudo torna a trama episódica e acaba prejudicando o ritmo do longa, que a todo momento pausa para uma piada, comentário aleatório ou flashback tosco, que o máximo que conseguem causar é vergonha alheia, vergonha em ver um personagem com tanto potencial sendo desperdiçado, inclusive o timing cômico de Chris Hemsworth, que em Ragnarok foi tão bem aproveitado, aqui é ridicularizado.

Isso faz com que nenhum dos momentos do longa tenham o peso dramático necessário, tornando a trama medíocre, morna, durante basicamente toda a rodagem, exceto nos momentos em que a trilha sonora marca presença, talvez o único momento em que algum sentimento é despertado no público.

Os personagens se sustentam por si só, pois os atores já estão familiarizados e confortáveis na pele dos mesmos, por isso a decepção vem dos novos personagens, Natalie Portman faz o mínimo para uma personagem que exige justamente o mínimo. O conceito da Poderosa Thor é interessante, mas muito mal desenvolvido, dando a entender que para o diretor tudo era explicado de forma cômica, não exigindo muitos detalhes ou aprofundamento.

Porém, talvez a maior façanha do longa seja ridicularizar Bale, desde o início, com um personagem extremamente genérico, além de caricato em excesso, em momento algum sua presença parece ameaçar a vida dos heróis, pois no momento em que o roteiro pede ele é facilmente derrubado, literalmente, nem mesmo seus diálogos são ameaçadores, restando apenas seu visual como ponto positivo, assim como todo o longa, que visualmente é belíssimo.

Amor e Trovão beira o besteirol, onde Taika se perde nas próprias piadas, fazendo do longa uma grande sátira de seu antecessor e de si mesmo, se em Ragnarok o diretor acerta o ponto, aqui se excede e alonga demais a grande piada que se tornou seu projeto, porém, uma piada que não sabe a hora de parar, perde a graça.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Thor: Amor e Trovão

Avaliação: ⭐️⭐️

Direção: Taika Waititi

Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tessa Thompson, Christian Bale, Russell Crowe

Duração: 1h 59m

Roteiro: Taika Waititi, Jennifer Kaytin Robinson

Fotografia: Barry Baz Idoine

Trilha sonora: Michael Giacchino, Nami Melumad

Ano: 2022