Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

26 de junho de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Sem as pretensões de um blockbuster, o longa em questão vai além, justamente por não ter a necessidade de agradar a grupos de fãs desesperados, e a direção ter a liberdade necessária para desenvolver algo que realmente mereça ser chamado de multiverso. A segunda opção talvez seja a principal responsável pelo resultado insano que é Tudo em todo lugar ao mesmo tempo, no melhor sentido da palavra.

O longa nos apresenta sua protagonista Evelyn (Michelle Yeoh), e sua vida medíocre sem motivação. Com uma sequência inicial que remete diretamente a Matrix (1999), o longa após nos apresentar o básico de sua protagonista, surpreende com uma sequência de luta corpo-a-corpo partindo do retraído marido Waymond (Ke Huy Quan).

As demais informações, e conceitos de multiverso são apresentados a personagem simultaneamente com o espectador, no decorrer da trama. Isso faz com que cada detalhe do longa seja uma peça importante no desenvolvimento da mesma, formando cada peça daquele quebra-cabeça e criando um vínculo imediato entre protagonista e espectador.

Um dos pontos positivos do longa, talvez o mais importante, é o trabalho incrível de quase todo o elenco, a família Wang se destaca por sua importância na trama, mas até Jamie Lee Curtis com menor tempo de tela faz um trabalho incrível. As nuances na alternância de personalidades dos personagens torna toda aquela loucura verosímil, desde a sutil mudança no olhar, à algo mais extrapolado como voz e gestos corporais.

O roteiro é complexo, porém procura sempre uma maneira clara de expor o que vemos em tela, em paralelo a isso temos as sequências de ação da mais alta qualidade, voltando a lembrar Matrix, aliás, o longa tem inúmeras referências a clássicos do cinema, inclusive à 2001 Uma Odisseia No Espaço (1968), porém não são referências vazias, e sim em prol da narrativa.

Narrativa essa que segue um ritmo frenético, e a fragmentação da mesma remete às viagens pelo multiverso e as diferentes personalidades da protagonista. Isso emprega ao longa uma dinâmica atraente e um ritmo agradável, quase ininterrupto.

A maneira como a direção opta pela alternância entre os universos é única, tornando a ligação entre os seres algo mais crível, e abrindo espaço para interpretações, por exemplo, como os eventos acontecem? Em inúmeros momentos fica claro que é algo subjetivo da personagem, justamente pelos momentos de desatenção da mesma, e todos os eventos remeterem à sua relação familiar e traumas.

A trilha sonora é poderosa, assim como o longa, e realça as belas sequências de ação e todos momentos de cair o queixo de Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, que nos apresenta um multiverso de eventos que alternam entre momentos de ação de tirar o fôlego e o drama, tornando o longa como um todo uma grande viagem psicodélica e única.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: Daniel Kwan, Daniel Scheinert

Elenco: Michelle Yeoh, Ke Huy Quan, Jamie Lee Curtis, Stephanie Hsu

Duração: 2h 19m

Roteiro: Daniel Kwan, Daniel Scheinert

Fotografia: Larkin Seiple

Trilha sonora: Son Lux

Ano: 2022