Ambulância – Um Dia de Crime

Ambulância – Um Dia de Crime

21 de junho de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Por incrível que pareça, esse talvez possa ser um dos trabalhos mais pé no chão de Michael Bay, ainda que não perca o exagero. Conhecido pelo espetáculo visual e suas famigeradas explosões, o diretor não perde a oportunidade de extrapolar aqui ou ali, tudo em prol de um grande show. Mas aqui o diretor deixa seu ego um pouco de lado, e apresenta um thriller que na medida do possível, se mantém verosímil e atraente.

A premissa já prepara o espectador para o que está por vir, com um ritmo acelerado, o diretor dedica pouquíssimo tempo à introdução dos personagens, apresentando o básico de cada um e os núcleos que farão parte da trama.

E ele faz isso de maneira proposital, pois o desenvolvimento dos personagens acontece de acordo com a trama, em meio ao caos, e acabam se desenvolvendo de maneira simultânea apesar de ambos não conter muita profundidade, o roteiro tem o básico do que é preciso para gerar a conexão com o espectador, um “inocente” que luta pela sobrevivência da família.

Os dois momento mais “calmos” do longa são os primeiros minutos, e a preparação para o assalto ao banco, onde o diretor utiliza do momento para eliminar alguns personagens descartáveis, que tinham como única função trazer peso para as ações de contenção dos policiais, e por aparentemente em risco a vida dos protagonistas.

Após isso a trama segue girando em torno do trio principal e da cidade de Los Angeles, que o diretor faz questão de incluir inúmeras tomadas aéreas e sequências estilosas afim de incluir a cidade na trama, e aludir ao seu cotidiano caótico e barulhento, algo que a trilha sonora faz questão de pontuar de maneira constante.

Deixando de lado os tiros à esmo, e os cortes abruptos que por vezes podem causar vertigem no espectador, tamanho a frenesi dos movimentos de câmera até mesmo durante alguns diálogos, o diretor consegue manter o espectador conectado, através de um ritmo narrativo que segue uma constante, basicamente ininterrupto.

Os momentos galhofa são presença constante, porém são feitos de maneira proposital, pois são colocados como momentos de alívio cômico mostrando que o próprio filme não está se levantando muito a sério, e isso funciona parcialmente, mas em alguns momentos causam estranheza e podem interromper a imersão do espectador naquele universo dominado pelo caos.

No elenco principal, Jake Gyllenhaal se destaca ao dar vida à um psicopata manipulador e imprevisível, sendo responsável por grande parte dos momentos de tensão do longa, Yahya Abdul-Mateen II e Eiza González são responsáveis pelo teor dramático, e o fazem de maneira eficiente fazendo com que o público se importe com o bem estar dos mesmos.

O carisma dos personagens talvez seja o principal ponto positivo do longa, pois é o que ganha o espectador, o ritmo narrativo longe da monotonia é algo realmente admirável em um longa de mais de duas horas de duração, e Michael Bay ainda se mantém um nível à cima, pois além de tudo o longa é tomado por um ritmo frenético que se mantém constante até o último minuto, literalmente, deixando o espectador respirar somente nos créditos.

Ambulância está longe de ser perfeito, porém faz algo que deveria ser regra em filmes do gênero, que em sua maioria invocam algo inexistente e são repletos de pausas vazias, aqui Bay é fiel à proposta e o resultado final é algo muito satisfatório.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Ambulância – Um Dia de Crime

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️

Direção: Michael Bay

Elenco: Jake Gyllenhaal, Yahya Abdul-Mateen II, Eiza Gonzalez

Duração: 2h 16m

Roteiro: Chris Fedak

Fotografia: Roberto De Angelis

Trilha sonora: Lorne Balfe

Ano: 2022