O Homem do Norte

O Homem do Norte

17 de maio de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Se tem algo que o diretor Robert Eggers nos provou é que nunca devemos esperar algo comum, ou dentro dos padrões em seus filmes. Um diretor que se mostrou extremamente autoral e mais independente, agora se aventura em seu primeiro blockbuster, se podemos assim chamar “O Homem do Norte”.

Tendo sua base em uma premissa atraente porém não muito fora dos padrões dos longas de ação e aventura, o diretor da início a trama e já estabelece parcialmente o nível do que veremos a seguir no decorrer do longa.

O que a princípio segue apenas como mais uma história de Vingança, começa a chamar a atenção pela forma como o diretor molda a narrativa, não desprendendo muito tempo para a relação entre pai e filho, tão pouco a familiar.

Algo que começa a fazer sentido no desenrolar da trama, onde o foco passa a ser a trajetória do protagonista, o jovem Amleth (Alexander Skarsgård), e o sentimento que o motiva e ao mesmo tempo corrompe, a vingança. Vingança essa que move toda a trama, desde a morte do Rei (Ethan Hawke), o que a princípio a direção da a entender que se trata apenas de uma briga pelo trono.

Algo impossível de passar despercebido é a poderosa trilha sonora do longa, presente desde os primeiros minutos a mesma invoca a grandeza que o longa pede, e somadas às sequência de ação tornam a experiência cinematográfica de “O Homem do Norte” algo acima da média, se tornando memorável de imediato.

O roteiro do longa é atraente porém não tem nada que realmente fuja dos padrões, com a exceção de algumas sequências psicodélicas, provando que a força do longa está na acima de tudo na narrativa, na maneira peculiar de Eggers de contar histórias, o que prova que mesmo Eggers assinando o roteiro sua liberdade criativa foi parcialmente limitada.

Tão grandiosas quanto a trilha sonora são as sequências de ação embaladas pela mesma, são extremamente viscerais e marcam os pontos altos da trama com uma nível de violência gráfica surpreendente. Talvez o que impeça O Homem do Norte de ir além seja a clara interferência do estúdio, e fica claro que Eggers tentou ao máximo manter sua essência, porém também fica claro as limitações impostas pelo estúdio.

Algo notável principalmente nas sequências de ação, que apesar de grandiosas são as limitações em certos momentos, com planos que ocultam determinada ação dos personagens, ou a falta de um pouco mais de sangue determinada situação, algo que não condiz com a maneira que o diretor trabalha, nem com o caminho seguido pelo longa.

Mas um ponto que Eggers não tem medo de trabalhar é o lado mitológico que envolve os deuses nórdicos, dando a devida importância para tais entidades que motivam, e dão sentido às atitudes dos personagens, até mesmo a aterrorizante sequência da busca pela espada que se passa no subconsciente de Amleth não soa como trapaça, e sim como um desafio interno, onde o protagonista se mostra digno.

O longa conta também com o lado familiar, o que envolve os sentimentos e segredos que podem derrubar um reino e destruir uma família, seja a vingança de uma esposa infeliz, ou a inveja de um irmão traiçoeiro. Por fim, O Homem do Norte se mostra um épico com sequências avassaladoras e personagens peculiares, o que faz do longa algo único, mesmo seguindo certos padrões do gênero.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: O Homem do Norte

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️

Direção: Robert Eggers

Elenco: Alexander Skarsgård; Nicole Kidman; Anya Taylor-Joy; Willem Dafoe; Björk; Ralph Ineson; Ethan Hawke

Duração: 2h 17m

Roteiro: Robert Eggers; Sjón

Fotografia: Jarin Blaschke

Trilha sonora: Sebastian Gainsborough

Ano: 2022