Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura

Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura

9 de maio de 2022 0 Por Filipe R. Bichoff

Em meio à um tantas produções medíocres e uma constante tentativa de monopolizar a atenção do seu público, a marvel estúdios entrega o que era para ser uma sequência, o segundo filme “solo” do mago supremo, que chega com bagagem de uma franquia. Talvez isso impeça o mesmo de alcançar seu potencial máximo, que apesar de satisfatório tinha potencial para ir muito além, e ainda sim graças a direção certeira de Sam Raimi.

As pouco mais de duas horas de duração seriam suficientes, se não fossem as diversas subtramas mal desenvolvidas, mas isso é algo que apenas mais tempo de rodagem não resolveria. Mas por outro lado isso é algo que mantém o ritmo narrativo mais ágil, o que mantém o espectador ligado.

O 3D funciona como poucas vezes se viu em um filme da marvel, a profundidade de tela torna tudo mais grandioso, especificamente as sequências no multiverso, o que ajuda a tornar mais atraente as medianas sequências de ação.

O roteiro é fraco, então a responsabilidade de tornar tudo mais agradável fica para Raimi, que mesmo com as limitações do estúdio consegue entregar um trabalho com suas características em cada detalhe, seja na câmera vertiginosa que contrasta fortemente realidade e multiverso, ou nas belas transições partindo de um plano detalhe.

E é justamente a direção que salva o longa de cair na mediocridade, os elementos de terror que Raimi implementa nas à narrativa são incríveis, ao ponto que se colocados de maneira isolada o espectador acreditaria estar diante de um filme de terror, com direito a jump scares e até mesmo algo que remeta diretamente a um exorcismo, inclusive o longa deve possuir mais sequências com sangue, apesar de limitadas, que todo o universo marvel.

Um dos pontos em que o longa falha é na trama extremamente dependente, usando de muletas desde sua base. O mínimo que se espera de um longa é que o mesmo se sustente, e aqui isso não acontece, um espectador desavisado pode ficar completamente perdido em relação ao principal condutor da trama, a motivação da Wanda (Elisabeth Olsen), e isso é algo que enfraquece o longa.

E em meio à tudo, apesar de se tratar de um filme do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), é Wanda quem rouba a cena, Elisabeth Olsen entrega o ápice de sua personagem, com nuances que marcam a característica de cada versão de si, sem contar os momentos de “possessão”, sendo facilmente o ponto mais alto de toda a trama.

Mas é na vontade de ser maior do que é que o longa soa quase como episódico, com breves momentos em diferentes universos dando a entender que foi tudo em prol do espetáculo visual, pois nenhum desses momentos tem um bom desenvolvimento, até mesmo o descartável fã service é literalmente descartado, ao menos rendeu uma boa sequência de ação, talvez a melhor do longa devido às consequências.

Um ponto positivo foi a redução nas piadas, presentes a todo momento, aqui são reduzidas dando mais sentido à trama com tendências sombrias.

Por fim, o longa tropeça na facilitação de roteiro, culminando em algo que soa como incompleto, sem o peso buscado durante todo o longa, tendo em vista o tamanho do desafio e quanto o longa faz questão de enfatizar o quão poderosa é a “vila”, a maneira como tudo se resolve não corresponde.

O que nos leva à uma conclusão que há a falta de consequências, em momento algum sentimos o peso das ações ou o risco que as mesmas trarão aos personagens, o que mantem o espectador em uma zona de conforto, pois não há nada que coloque os personagens em um risco real, somados a falta de um maior aprofundamento na crise do herói, algo que fica perdido em meio à superficialidade da trama.

Crítica por: Filipe R. Bichoff

Título: Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️

Direção: Sam Raimi

Elenco: Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Chiwetel Ejiofor, Xochitl Gomez

Duração: 2h 6m

Roteiro: Michael Waldron

Fotografia: John Mathieson

Trilha sonora: Danny Elfman

Ano: 2022